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Segundo turno da eleição para Prefeitura de Aracaju será de duas candidaturas com apoios bolsonaristas

A Mangue Jornalismo analisa os resultados e os desafios para o 2º turno entre Emília Corrêa (PL) e Luiz Roberto (PDT) na disputa pela Prefeitura de Aracaju. Emília, que terminou na frente, apresenta-se como fora do “sistemão”, mas conta com figuras tradicionais da velha política. Luiz terá de superar as contradições de sua coligação, que inclui tanto partidos de centro quanto apoiadores bolsonaristas, além de buscar alianças com eleitores mais à esquerda, com o PT, e, mais à direita, com André e Yandra Moura (União). O fato é que Aracaju terá uma prefeita ou um prefeito com amplo apoio do bolsonarismo.

Emília Corrêa teve 41,62% contra 23,86% de Luiz Roberto (PDT) no 1º turno. (Fotos: TRE/SE)

Eram pouco mais das 19 horas de domingo, dia 6, quando todas as urnas foram contabilizadas em Aracaju, confirmando que haverá 2º turno nas eleições municipais. Emília Corrêa (PL) liderou a votação com 41,62% dos votos, o que corresponde a 126.365 eleitores. Luiz Roberto (PDT) ficou em 2º lugar, obtendo 23,86% dos votos válidos, equivalente a 72.427 eleitores, garantindo sua vaga na disputa no dia 27 deste mês.

Yandra (União) terminou em 3º lugar, com 14,47% dos votos, somando 43.932 eleitores. Candisse Carvalho (PT) ficou na 4º posição, com 9,24%, o que representa 28.049 votos. Delegada Danielle (MDB), que na eleição de 2022 chegou ao 2º turno nas eleições de Aracaju, ocupou apenas a 5ª colocação com 5,52% (16.769 votos). Niully Campos (PSOL) ficou em 6º lugar com 4,75% (14.408 votos).

Zé Paulo (Novo) foi o 7º, com 0,52% (1.569 votos), e Felipe Vilanova (PCO), com candidatura sub judice, ficou em último lugar, com 0,03% dos votos, tendo o apoio de apenas 84 eleitores. O total de votos válidos foi de 303.519. Houve ainda 16.071 votos nulos (4,89%) e 8.840 votos em branco (2,69%), ou seja, mais de 7,5% dos eleitores da capital sergipana não votou em nenhum dos candidatos.

Os planos de governo de Emília e de Luiz para Aracaju foram esmiuçados pela Mangue Jornalismo numa série de reportagens. Temas como segurança pública, urbanização do centro, educação, atenção à população de rua, cultura, assistência social, mobilidade urbana, meio ambiente e saúde passaram por análise detalhada.

Com o 2º turno entre Emília Corrêa (PL) e Luiz Roberto (PDT), a disputa se apresenta como um embate entre campos políticos que disputarão os apoios dos demais candidatos de forma distinta.

Emília Corrêa (PL)

Emília Corrêa chegou ao 2º turno como a candidata mais votada. Ela terá de ajustar sua campanha para atrair eleitores que não a apoiaram no primeiro turno, focando especialmente em manter a base conservadora unida e, ao mesmo tempo, atrair eleitores de centro e de direita, muitos que estavam com Yandra no 1º turno.

Apresentando-se como uma candidata fora do “sistemão”, como ela mesmo define, Emília concentra apoios tradicionais da velha política sergipana, contradizendo seu discurso. Estão em seu palanque, por exemplo, nomes como o deputado federal Eduardo Amorim (PL) e o irmão, o empresário Edvan Amorim (PR), além de partidos do centrão – justamente representantes típicos do “sistemão” que ela diz combater.

Com uma coligação de partidos de direita, centro e extrema-direita, como o Cidadania e o Agir, além do PL, Emília já conta com uma base eleitoral sólida nesse espectro. No 2º turno, ela deverá reforçar sua pauta de transparência e renovação política, que ressoou entre eleitores que buscam mudanças e que se identificam com posições conservadoras em temas como segurança pública e combate à corrupção.

Com uma coligação que vai da centro-direita para a extrema-direita, ela sabe que não deve contar com o apoio do PT e do PSOL. Talvez nem do MDB, apesar de parte do eleitorado da Delegada Danielle se identificar com suas pautas. Ela deve facilmente conquistar parte dos eleitores que apoiaram Zé Paulo (Novo) no 1º turno. O que Emília busca é o apoio decisivo de Yandra (União Brasil).

Esses candidatos, com postura mais neoliberal e voltada à centro-direita, tendo pautas de segurança e eficiência na gestão pública, compartilham eleitores que podem se sentir atraídos por propostas de Emília. Uma narrativa de estabilidade, aliada a sua promessa de renovação política, pode conquistar esses votos.Ela também deverá evitar uma campanha muito polarizadora, para não afastar eleitores moderados que podem ser conquistados com um discurso mais conciliador.

Com a vantagem de 53.938 votos no 1º turno, seu objetivo, portanto, é barrar que Luiz conquiste alianças formais com as demais candidaturas, especialmente Yandra. Com 43.932 votos no primeiro turno,Yandra deve ser o fiel da balança nessas eleições.

Luiz Roberto (PDT)

A chapa encabeçada por Luiz Roberto e Fabiano Oliveira chegou ao 2º turno com uma coligação composta por partidos como o PSD, PSB, Republicanos e Solidariedade. Ele terá de intensificar suas articulações políticas para consolidar sua base (que se apresenta como de centro e de direita) para conquistar eleitores que rejeitam a proposta mais conservadora de Emília.

Luiz Roberto, porém, tem um calcanhar de Aquiles: se buscar um discurso que se apresenta como de centro-esquerda para atrair PT e PSOL, vai contrariar os inúmeros bolsonaristas que estão na chapa. Sim, partidos e figuras carimbadas no Governo Jair Bolsonaro (PL) estão presentes em seu agrupamento, a exemplo de um de seus principais cabos eleitorais, além do próprio desgaste do governador Fábio Mitidieri junto aos partidos de esquerda.

Luiz conta como principal apoiador o atual prefeito Edvaldo Nogueira, que deixou o PCdoB pelo PDT em 2020 para se aliar ao PSD de Fábio Mitidieri e vencer sua 4ª eleição para prefeito. Já o PSD, que passou a fazer parte do grupamento político de Edvaldo, Luiz e companhia, tem posicionamento político oportunista típico do centrão. Fez parte da base do Governo Dilma (PT) e migrou para o grande acordo “com Supremo, com tudo” que articulou o impeachment sem provas contra a presidenta em 2016.

Fazendo parte dos governos Temer e Bolsonaro, Mitidieri trocou de lado novamente e se apresentou como também candidato de Lula para o Governo de Sergipe, mesmo enfrentando o candidato do PT, Rogério Carvalho. Saiu vitorioso em um processo em que o principal candidato, Valmir de Francisquinho (PL), teria sido eleito governador, mas foi impugnado pela chapa de Mitidieri.

Além disso, ocorreram denúncias de que pessoas envolvidas com o Governo Belivaldo Chagas manipularam vídeos e produziram desinformação para prejudicar Rogério Carvalho e beneficiar Mitidieri. O episódio foi pauta de reportagem da Mangue Jornalismo em agosto deste ano.

Edvaldo Nogueira, Fábio Mitidieri, Jackson Barreto, Laércio Oliveira, Alessandro Vieira, os Valadares e Belivaldo Chagas devem entrar em campo nas próximas horas para convencer Yandra e André Moura para apoiar Luiz Roberto.

Quem arrecadou mais dinheiro no 1º turno

Emília Corrêa chega ao 2º turno liderando com um total líquido arrecadado de R$ 5.600.100,00 em recursos e suas despesas de campanha somaram R$ 5.702.748,58. A maior parte dos recursos de Emília veio da direção nacional do Partido Liberal (PL), que transferiu R$ 5,5 milhões.

Esse montante foi repassado em duas parcelas: R$ 1,5 milhão no dia 11 de setembro de 2024 e R$ 4 milhões em 26 de agosto de 2024, ambas provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).

Além do apoio financeiro do PL, a candidata também recebeu R$ 100 mil da direção nacional do Cidadania, partido de seu vice, Ricardo Marques. Durante o período de campanha, houve ainda a devolução de uma doação de R$ 5 mil feita por José Alves de Sá, identificada como “Outros Recursos”, em 19 de setembro de 2024. Emília declarou patrimônio de R$ 1.010.000,00.

Já o candidato Luiz Roberto, que declarou um total de R$ 1.290.000,00 em bens, recebeu total líquido de recursos de R$ 5 milhões, com despesas totais somando R$ 5.126.439,38 no 1º turno. Entre os recursos recebidos, destacam-se o repasse de R$ 3 milhões da direção nacional do seu partido, o PDT. Além disso, Luiz Roberto recebeu R$ 2 milhões da direção nacional do Progressistas (PP), do senador Laércio Oliveira, sendo R$ 500 mil provenientes do Fundo Partidário em 25 de setembro de 2024 e R$ 1,5 milhão do FEFC em 4 de setembro de 2024. O candidato também realizou doações a candidatos à vereança ou partidos, totalizando R$ 418.121,40.

TRANSPARÊNCIA: A cobertura das eleições em 2024 está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).

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