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Mangue Jornalismo deixa a rede social X, antigo Twitter

Sim para o jornalismo da Mangue, não para o lamaçal desinformativo do X

Se você acompanha atentamente a Mangue Jornalismo, mas nunca notou nossa presença no X (antigo Twitter), não há surpresa nisso. Quando a Mangue foi lançada, em abril de 2023, a “rede social do passarinho” já havia sido comprada por Elon Musk e se afogava em um tsunami desinformativo e de mudanças que pioraram uma plataforma que já era problemática.

Essas mudanças incluíram reduzir o alcance de conteúdos publicados na rede social dependendo dos interesses de Musk e até limitar a quantidade de postagens que os usuários poderiam ler. Dessa forma, pôde-se cobrar para que apenas as “contas verificadas” conseguissem acessar mais conteúdo. 

Com a descoberta de quão fundo é o poço de manipulação do X para divulgar conteúdo violento e mesmo criminoso, além da segunda vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, em outubro, com total apoio de Musk, muitos jornais começaram a se questionar se, afinal, valeria a pena manter presença na plataforma.

Conteúdos jornalísticos têm sido sistematicamente inibidos no X, e Musk se meteu até o pescoço em ações antidemocráticas em todo o mundo. Uma de suas empresas, a Starlink, fornece acesso à internet para garimpeiros em áreas de floresta amazônica no norte do Brasil. Mais recentemente, o X anunciou o lançamento do chatbot Grok, que não possui qualquer moderação para restringir os tipos de imagens que podem ser geradas a partir dos prompts inseridos pelos usuários.

Diante desse cenário, é impossível para a Mangue Jornalismo continuar alimentando com produção de qualidade, que custa tempo de apuração e variados recursos, uma plataforma cujo dono reiteradamente trabalha contra o jornalismo investigativo.

A Mangue Jornalismo segue o exemplo do jornal britânico The Guardian, dos brasileiros Agência Pública, Núcleo Jornalismo, #Colabora e de vários outros na decisão de não mais postar em sua conta no X dado o descompasso entre os nossos princípios e a forma como a rede social funciona desde sua aquisição por Elon Musk.

A Mangue entende ser necessário que, apesar de não mais postarmos na plataforma, o conteúdo que disponibilizamos lá continue visível. Além disso, o X seguirá sendo fonte para nossas reportagens, a exemplo de declarações que políticos e outras figuras de interesse público façam na rede social. Esse será um uso pragmático, que de forma alguma implica em qualquer endosso ao X ou ao seu proprietário.

Tendo consciência, também, das rápidas mudanças que ocorrem em meios digitais, a Mangue entende que uma nova realidade para o X – uma que seja mais próxima do Twitter – poderá significar nosso retorno à plataforma. A mesma lógica aplicamos no caso do uso de IAs na produção jornalística (atualmente, a Mangue não utiliza IAs em qualquer dos processos de elaboração de produtos finais jornalísticos).

De forma transparente com nosso público leitor, compartilhamos com o Conselho de Interlocutores Externos da Mangue a decisão aqui apresentada e continuaremos a atualizar publicamente nossos apoiadores sobre todas as nossas decisões quanto X.

Não é demais reforçar que a Mangue Jornalismo é uma organização sem fins lucrativos e independente, que realiza um jornalismo profissional de qualidade, transparente e de interesse público. A Mangue não aceita receber verbas de publicidade de governos e nem de empresas privadas, realiza reportagens e se submete ao controle social através de um conselho de interlocutores externos. A Mangue é filiada à Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e faz parte da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores do Brasil.

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