CRISTIAN GÓES, da Mangue Jornalismo
A comissão que apurou os crimes do golpe civil-militar de 1964 e a ditadura em Sergipe produziu um relatório, organizado por Andréa Depieri e Gilson Reis, que a Mangue Jornalismo vem publicando alguns trechos semanalmente. É uma obrigação do jornalismo contribuir para o direito à verdade e à memória.
No texto de hoje, o 10º da série, retornam-se à temática da perseguição e investigação contra padres, freiras e leigos da Igreja Católica em Sergipe. A Comissão Estadual da Verdade (CEV/SE) encontrou pelo menos 34 religiosos que foram alvos do Serviço Nacional de Informações (SNI), um órgão de repressão fundamental na ditadura.
A Mangue Jornalismo já publicou uma reportagem sobre esse tema. Leia AQUI: Golpe de 64 perseguiu bispos em Sergipe acusados de serem comunistas. Já Dom Luciano, de Aracaju, foi apontado como simpatizante e colaborador da ditadura. Agora, avança-se mais um pouco sobre essa questão.
Comunidade Eclesiais de Base, CNBB e “opção pelos pobres”
A primeira metade da década de 1960, para a Igreja Católica, ficou marcada pela realização do Concílio Vaticano II (1960–1965), momento em que se buscou atualizar as formas de diálogo entre a instituição e seus fiéis, tornando a estrutura eclesial menos rígida e mais adequada às mudanças do mundo.
Cerca de três anos após o concílio e a publicação da última bula papal, as hierarquias eclesiásticas ainda não haviam assimilado por completo os impactos do Concílio Vaticano II.
No ano 1968, em Medellín, Colômbia, foi realizada a II Conferência Geral do Episcopado Latino Americano (Celam), convocada pelo papa Paulo VI para adequar e aplicar os ensinamentos do Concilio Vaticano II na América Latina.
A Conferência de Medellín marcou a renovação mundial do pensamento social da igreja, com críticas às injustiças e desequilíbrios sociais. Tiveram grande repercussão documentos como “Justiça, Paz e a Pobreza da Igreja”. As reflexões sobre pobreza e libertação marcaram a conferência.
Uma das consequências de Medellín foi o nascimento da Teologia da Libertação, corrente teológica cristã que parte da premissa de que os ensinamentos de Jesus Cristo reivindicam da sua igreja uma opção preferencial pelos pobres, para libertá-los das injustas condições econômicas, políticas, sociais às quais estão submetidos.
Uma segunda consequência, ligada à primeira, foi o florescimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), impulsionadas como instrumento pastoral prioritário, o primeiro e fundamental núcleo eclesial, funcionando de acordo com um modelo comunitário em reforço à opção preferencial pelos pobres.
No Brasil, as CEBs desempenhavam um trabalho expressivo desde antes da Teologia da Libertação. Isso porque, no início da década de 1950, foi criada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A criação da CNBB centralizava o poder das dioceses no Brasil. Além disso, a atuação da entidade tinha como marca o trabalho na área social por meio das CEBs. O bispo de Olinda/Recife, Dom Hélder Câmara, era um dos tantos entusiastas desse novo tempo.
Um exemplo disso é que no final dos anos 1950, a CNBB teve importante participação na Operação Nordeste (1958) e na criação da Sudene, ambas durante o Governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961).
Durante os anos da ditadura militar, diversos setores da sociedade, apesar da repressão, estiveram organizados para retomar a democracia, e as CEBs são um exemplo disso.
Atuando como braços da CNBB, as comunidade de base buscavam conscientizar a população a respeito dos seus direitos, tanto na cidade como no campo e, a essa missão foram incorporados os ensinamentos do Vaticano II e de Medellín.
As CEBs em Sergipe e o clero estrangeiro
Durante a ditadura militar, as CEBs em Sergipe desenvolviam trabalho prioritariamente com os camponeses. De acordo com Irmã Francisca (Hendrix Mathilda Antoinette Christine), o clero estrangeiro começou a chegar ao estado de forma mais sistemática no auge do endurecimento do regime, em 1968, após o Ato Institucional nº 5.
Ao final da década de 1960, já atuavam alguns padres estrangeiros no estado, principalmente de nacionalidade belga.
Em 1968, chegaram quatro freiras, também da Europa, vindas a pedido de Dom José Brandão de Castro, bispo da Diocese de Propriá/SE, para auxiliá-lo na implementação das resoluções do Concílio Vaticano II. O grupo se instalou na região do Baixo São Francisco, área rural, e passou a trabalhar também junto ao Movimento de Educação de Base (MEB).
As ações aconteciam a partir da vivência direta com as pessoas pobres, o que permitia compreender seus problemas e anseios. Uma das quatro freiras que chegaram a Sergipe foi justamente a Irmã Francisca, natural da Bélgica.
De formação no campo da Educação, ela tinha se preparado para trabalhar em África. No entanto, os planos mudaram em 1968, durante o processo de implementação de resoluções do Concílio Vaticano II.
Irmã Francisca que ao chegar ao estado, fizeram a opção de desenvolver o trabalho no interior. “Nós optamos para viver nos municípios pobres, foi uma opção que nós fizemos quando viemos para cá”, lembra a religiosa.
A Diocese de Propriá/SE compreendia a opção pelos pobres como função social da Igreja. Utilizando-se da Teologia da Libertação para se engajar na nova realidade, Irmã Francisca explica que a primeira necessidade era estar em coletivo, convivendo com a população.
“Entendemos, após algum tempo, que precisava reunir esse povo. Reunir este povo pra quê? Para rezar? Sim, também. Mas, sobretudo para dizer [para eles]: ‘Você é gente!’, ‘Você é pessoa!’, ‘Você foi criado por um Deus que é libertador’. Muita gente naquela época, sobretudo quando a gente começa a falar de certa atitude, de não aceitação daquilo que existe, o povo tinha medo. Até hoje ainda tem muita gente assim”, disse Irmã Francisca em depoimento à CEV/SE em setembro de 2017.
Reforma agrária e o monitoramento da ditadura no Baixo São Francisco
A economia desta região consistia, majoritariamente, na agricultura, marcada pela grande concentração de terras e um grande número de trabalhadores rurais. Assim era a regra: muitos trabalhadores sem a terra para produzir, submetidos às vontades e regras ditadas pelos poucos latifundiários, que tinham todas as terras, mas não alocavam nestas a sua própria mão de obra.
Segundo Hildebrando Maia, que residiu em Propriá/SE e era próximo a Dom Brandão, “em Propriá o regime foi semifeudal, as pessoas trabalhavam na produção de arroz e entregavam metade da produção de para os donos da terra. A outra metade também ia para os donos das terras, porque enquanto que ele não tinha a colheita, ele tomava dinheiro emprestado ao dono da terra para plantar”, revelou Hildebrando à CEV/SE.
A fala de Hildebrando Maia demonstra o panorama das relações precárias de trabalho na região, onde, à época, os trabalhadores rurais não recebiam salário, deviam grande parte da produção e não tinham seus direitos reconhecidos. Dado o contexto, a atuação da igreja junto à população ribeirinha era justificável, tendo em vista a precariedade das condições de vida.
Durante algum tempo, o trabalho dos grupos da Diocese de Propriá consistiu na distribuição de alimentos e roupas, criação de círculos de leituras, muitos debates e alfabetização junto ao MEB.
Durante a ditadura militar esses encontros sempre aconteciam, direta ou indiretamente, com o monitoramento da polícia. “Nós fazíamos muitas reuniões, nosso trabalho era só isso, visitar as comunidades lá na roça. Então, aos poucos, nós fomos sendo conhecidas. Alguns missionários homens, padres belgas também estiveram aqui”, lembrou Irmã Francisca.
Ela conta que “fazer reunião” era bem perigoso. “A presença da Polícia Militar era constante. E vou dizer que a gente vivia com medo, a gente tinha medo, o povo começou a gostar da gente, a sentir a necessidade de ter alguém que tivesse outra atitude comigo, ou com eles”, completa Irmã Francisca.
A ação da diocese de conscientizar a população sobre os abusos que vinha sofrendo, justificava o monitoramento e repressão, na perspectiva de representantes da ditadura militar na região.
Monitoramento da Agência do SNI de Salvador
De acordo com um informe da década de 1980 enviado à Agência Salvador do SNI, as ações consideradas subversivas do clero progressista de Propriá/SE são descritas do seguinte modo: “a ação pastoral da Diocese é desenvolvida junto a moradores de bairros da cidade, com exibição de filmes onde mostram conflitos de classes sociais, fazendo críticas aos políticos e ricos da Região”.
Fica nítida que a simples ação de informar à população o quanto era injusto e irregular o regime de trabalho “de meia” a que estavam submetidos, já “ofendia” ao regime militar. Ou seja, o trabalho de educação e a luta contra as injustiças às quais a população pobre ribeirinha estava submetida resultou na perseguição de freiras e padres atuantes na região.
Em outro documento da ditadura, o informante afirma que: “há indícios sobre a atuação do PCdoB na região de Santana dos Frades, apoiando as atividades do ‘Clero Progressista’ liderado por padres de nacionalidade belga, que pretendem desencadear um processo político socialista, segundo eles criado por gente pequena e humilde nas suas lutas libertadoras e que há de se ampliar.
A partir de 1968, seguindo diretrizes do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), bem como nos anos seguintes, os religiosos estiveram à frente e ao lado dos mais pobres em diversos conflitos agrários na região.
Exemplo desse envolvimento foram as ações da igreja junto a trabalhadores em Santana dos Frades (Pacatuba/SE) e Betume (Neópolis/SE) que viviam, como contou Irmã Francisca, em condições de trabalho análogas à escravidão.
Ocorrido em meados da década de 1980, esse processo de luta resultou na prisão de cerca de sete pessoas. Ela acrescenta que, à época, parte do clero estrangeiro havia sido presa e/ou expulsa do Brasil e essas prisões davam continuidade ao processo de desarticulação do trabalho da diocese na região sergipana do Baixo São Francisco.
Acusados de tentar “desencadear um processo político socialista”, o trabalho arriscado, desenvolvido durante anos pela Diocese de Propriá/SE, tinha como objetivo minimizar o sofrimento da população pobre, exposta a condições ilegais de trabalho, sem nem sequer compreender a circunstância de exploração vivida.
Nas palavras de Irmã Francisca: “o que a gente queria era realmente fazer algo, avançar mais como povo e em nome do próprio povo, e não podia avançar naquele momento, se não éramos expulsos, ou presos”.
Lista de padres, freiras e leigos investigados pelo SNI
A Mangue Jornalismo publica a lista com nomes de padres, freiras e leigos que, segundo a documentação levantada pela CEV/SE, foram monitorados pelo Estado em decorrência de algum trabalho realizado. Alguns, além do monitoramento, chegaram a sofrer punições políticas.
Muitas das ações vigiadas estavam ligadas a preocupação dos militares com as aplicações do Concílio Vaticano II e/ou da Conferência de Medellín (1968) e a tal “opção pelos pobres”. No contexto da ditadura militar, estar ao lado dos pobres, dos pequenos, dos explorados, foi imediatamente decodificado como estar contra o Governo.
Religiosos foram enquadrados como subversivos pela Doutrina de Segurança Nacional por ações como educar os camponeses ou estar ao lado destes em disputas de terras contra coronéis oligárquicos do interior sergipano ou ainda por denunciarem as tiranias do regime.
A CEV/SE levantou 34 nomes que aparecem sistematicamente na documentação do SNI. Certamente existem outras(os) religiosas(os), mas ainda não surgiram na pesquisa.
Veja os nomes, as áreas de atuação e o que motivou a repressão
AFONSO LONSING – Ribeirópolis/SE – Padre de naturalidade alemã. Investigado pela sua atuação pastoral durante a década de 1970. Assinou documento da CNBB em represália à prisão de dois padres no Maranhão pela Polícia Federal.
ANTONIO RUFOLO (PADRE ANTONINO) – Nossa Senhora das Dores/SE, Cumbe/SE, Feira Nova/SE – Padre de naturalidade italiana. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 1970. Em Sergipe atuou, a princípio, como liderança da juventude no município de Nossa Senhora das Dores/SE. Logo depois prestou serviços aos trabalhadores rurais, orientando-os a fim de sindicalizá-los, encaminhando-os para a Justiça do Trabalho a fim de reclamar seus direitos. Ainda preparava líderes sindicais.
ARMANDO BIHEL – Divina Pastora/SE – Padre de naturalidade francesa. Simpatizante do Movimento de Animação dos Cristãos no Meio Rural (ACR), organização considerada subversiva pelos militares.
BERNARD BAVAUD – Aracaju. Padre de naturalidade suíça. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 1970. Assinou documento da CNBB em represália à prisão de dois padres no Maranhão pela Polícia Federal.
CECILIA MARIA PRANGER – Japaratuba/SE e região Norte de Sergipe – Freira, de naturalidade belga. Investigada pela sua atuação pastoral na cidade de Japaratuba/ SE durante a década de 1970.
CLAUDE PILLONEL – Aracaju – Padre de naturalidade suíça. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 70. Assinou documento da CNBB em represália à prisão de dois padres no Maranhão pela Polícia Federal.
CLAUDE RENÉ ARMAND PHILIPPE – Japaratuba/SE e região adjacente – Padre de naturalidade belga. Investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Em Sergipe promoveu cursos de alfabetização para líderes em áreas de reforma agrária e atuou como coordenador de educação da Diocese de Propriá/SE em 1971 e 1972. Considerado subversivo, foi vetado de assumir cargo na Universidade Federal de Sergipe, em 1973. Também foi vetado de assumir a presidência da Ação Social da Paróquia de Japaratuba/SE no ano de 1974.
JOSÉ BRANDÃO DE CASTRO (DOM BRANDÃO) – Propriá/SE, Porto da Folha/SE, Neópolis/SE, Pacatuba/SE – Bispo da Diocese de Propriá/SE entre as décadas de 1960 e 1980. Neste período, a área sob jurisdição da Diocese foi palco de diversos conflitos sociais nos quais a instituição se posicionou em defesa dos mais pobres. Foi também coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Participou de eventos como: luta dos posseiros e pequenos proprietários nos casos Betume, em Neópolis/SE, em 1975; processo de luta dos remanescentes do povo Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha/SE, em 1978; luta em Santana dos Frades, em Pacatuba/SE, também em 1978.
JOSÉ VICENTE TÁVORA (DOM TÁVORA) – Aracaju – Arcebispo da Arquidiocese Metropolitana de Aracaju entre os anos de 1960 e 1970. Durante o tempo em que atuou em Sergipe dirigiu o Teatro de Cultura Popular, bem como orientou o funcionamento da Rádio Cultura. Esteve também à frente do Movimento de Educação de Base (MEB). Por seus posicionamentos foi classificado pelo Centro de Informações do Exército (CIEX) como um membro do clero altamente perigoso.
EMILE DION – Aracaju – Padre de naturalidade canadense. Investigado por sua atuação pastoral entre as décadas de 1950 e 1970, tendo entre os anos 1969 e 1970 se dedicado à Sergipe. Neste período atuou como coordenador do Centro de Formação Teológico Pastoral na Arquidiocese de Aracaju. Crítico da realidade em que viveu, apontou a mobilização social como uma necessidade para a resolução dos problemas da falta de liberdade de expressão, educação e da fome. Por esse motivo foi chamado de subversivo pelo então bispo da Arquidiocese, Dom Luciano Cabral Duarte.
ETIENE PAUL MARIE ARMAND LAMAIRE – Propriá/SE, Telha/SE e Porto da Folha/SE – Padre de naturalidade belga. Investigado pela sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Em 1987, participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE.
FABIO ALVES DOS SANTOS – Propriá/SE, Porto da Folha/SE e Pacatuba/SE – Irmão Leigo investigado durante as décadas de 1970 e 1980 por sua atuação pastoral. Fez parte do Conselho Pastoral da Diocese de Propriá e foi ligado ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Em 1978, participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE e da luta em Santana dos Frades, em Pacatuba/SE, também em 1978.
ENOQUE SALVADOR DE MELO (FREI ENOQUE) – Propriá/SE, Neópolis/SE, Porto da Folha/SE, Pacatuba/SE – Frade franciscano investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Durante o período que atuou em Sergipe chegou a ser um dos encarregados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na área da Diocese de Propriá e vigário da Paróquia de Porto da Folha. Participou de eventos como: luta dos posseiros e pequenos proprietários nos casos Betume, em Neópolis, em 1975; participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE, em 1978; luta em Santana dos Frades, em Pacatuba, também em 1978.
FREI MARQUES DE ALCABAÇA – Porto da Folha/SE – Participou do processo de luta dos remanescentes do povo Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, em 1978.
GERARD LOTHATIRE JULES OLIVIER (PADRE GERALDO) – Japaratuba/SE – Padre de nacionalidade belga. Investigado pela sua atuação pastoral entre as décadas de 1960 a 1980.
HELIO PAULO COIMBRA – Cumbe/SE, Maruim/SE e Japaratuba/SE – Diácono considerado subversivo. Depois de ser negada sua ordenação nos estados do Paraná e Pernambuco, vem para Sergipe acolhido pelo Bispo Dom José Brandão de Castro, onde novamente foi negada sua ordenação. Em Sergipe estimulou a organização dos trabalhadores na defesa de seus direitos. Estabeleceu ainda relações com os professores do MEB, fato pelo qual foi monitorado pelas forças de repressão com preocupação.
HENDRICX MATHILDA ANTOINETTE CHRISTINE (IRMÃ FRANCISCA) – Região Norte de Sergipe, Japaratuba/SE, Pacatuba/SE, Neópolis/SE – Freira de naturalidade belga atuante no Brasil desde o ano de 1968. Investigada pela sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975 e da luta em Santana dos Frades, em Pacatuba, no ano de 1978.
HENDRIKUS SPRAKEL MARIA JOHANNES – Aracaju – Padre de naturalidade holandesa. Investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1960 e 1870. Estudou na Faculdade de Serviço Social de Aracaju e foi detido duas vezes no ano de 1968. A primeira vez foi na cidade de Aracaju, numa mobilização estudantil e, a segunda, na cidade de Salvador, durante uma excursão. Foi relacionado pelo SNI como militante ou simpatizante do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
JEAN NOEL BARO (JANUEL) – Propriá/SE e Porto da Folha/SE – Leigo religioso de naturalidade belga. Investigado por sua atuação pastoral nas décadas de 1970 e 1980. Neste período, atuou como assistente social da Diocese de Propriá e fez parte de seu conselho pastoral. Participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE, em 1978.
JOAQUIM ANTUNES DE ALMEIDA (PADRE ALMEIDA) – Estância/SE, Tobias Barreto/SE e Lagarto/SE – Padre investigado pela sua atuação pastoral durante a década de 1980. Ligado ao setor de cooperativas e criador da Sociedade Sergipana de Direitos Humanos (SSDH).
JOSÉ MORENO SANTANA – Neópolis/SE – Monsenhor atuante no município de Neópolis. Vetado de assumir a Ação Social da Paróquia de Neópolis pela Polícia Federal no ano de 1974. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975.
JOSEPH DESIRE JEAN CRISLAIN THEISEN (PADRE THEISEN) – Itabi/SE e Gararu/SE – Padre de naturalidade belga. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 1980.
JOSEPH MARIUS TOURNIER (JOSÉ TOURNIER) – Maruim/SE – Padre de naturalidade francesa. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 1970. Integrante do Movimento de Animação dos Cristãos no Meio Rural (ACR), organização considerada subversiva pelos militares.
LEON LAMBERT JOSEPH GREGOIRE (PADRE LEON GREGÓRIO) – Propriá/SE, Nossa Senhora da Glória/SE, Poço Redondo/SE e Monte Alegre/SE – Padre de naturalidade belga. Investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980.
NEDILJKE PULJIZ (PADRE DOMINGOS) – Propriá/SE, Neópolis/SE e região adjacente – Padre de naturalidade belga. Investigado pela sua atuação pastoral durante a década de 1970. Em Sergipe atuou na criação de cooperativas. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975.
NESTOR PRUDENT GHISLAIN NATHIEU (PADRE NESTOR) – Canhoba/SE, Amparo do São Francisco/SE, Neópolis/SE, Porto da Folha/SE, Pacatuba/SE e Propriá/SE – Padre de naturalidade belga. Investigado pela sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Neste período fez parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Pastoral da Diocese de Propriá. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975; participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE, em 1978 e da Luta em Santana dos Frades, em Pacatuba, no mesmo ano.
REMY MICHEL MAURICE – Propriá/SE – Irmão leigo de naturalidade francesa. Investigado pela sua atuação pastoral durante a década de 1980.
ROBERTO EUFRÁSIO DE OLIVEIRA – Propriá/SE, Neópolis/SE, Lagarto/SE e Ilha das Flores/SE – Frade investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Neste período esteve ligado diretamente à Comissão Pastoral da Terra (CPT) na área da diocese de Propriá. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975; participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE, em 1978. Incentivou também a luta por direitos nos povoados Serrão e Jenipapo e no município de Ilha das Flores/SE em 1977.
RUI ALBERTO DE SOUZA ANDRADE DE SILVA (PADRE RUI) – Aquidabã/SE – Padre de naturalidade portuguesa. Investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980.
SALATIEL FRANCISCO DO AMARAL – Propriá/SE, Porto da Folha/SE – Irmão Leigo investigado durante as décadas de 1970 e 1980 por sua atuação pastoral. Atuou como professor responsável pelo Movimento de Educação de Base (MEB) na área da Diocese de Propriá e fez parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Foi responsável pela organização da Marcha da Juventude, em 1977, e por uma manifestação estudantil por melhores condições de ensino em Propriá em 1978. Neste mesmo ano, participou no processo de luta dos remanescentes dos Xokó pela retomada de suas terras, localizadas na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha/SE, em 1978.
TEREZA LEONIS (IRMÃ TEREZINHA) – Neópolis/SE, Pacatuba/SE – Irmã marista de nacionalidade francesa. Investigada por sua atuação pastoral. Participou da luta dos posseiros e pequenos proprietários no caso Betume, no município de Neópolis, em 1975 e da luta em Santana dos Frades, em Pacatuba, no ano de 1978.
THERESE ALBERTE DEFRESNE – Japaratuba/SE e municípios da região Norte de Sergipe – Freira de naturalidade belga. Investigada pela sua atuação pastoral durante a década de 1970.
TOULOTTE PIERRE LUCIEN – Maruim/SE e Rosário do Catete/SE – Padre de naturalidade francesa. Investigado por sua atuação pastoral durante a década de 1970.
VITOR VITAL ALFRED JEAN JOSEPH DERIDEAU (PADRE MIGUEL) – Propriá/SE e Japoatã/SE – Padre belga investigado por sua atuação pastoral durante as décadas de 1970 e 1980. Neste período, integrou o Conselho Pastoral da Diocese de Propriá, além de ter exercido a função de coordenador da cooperativa artesanal e de publicação de boletins nesta instituição. Participou da luta em Santana dos Frades, no município de Pacatuba, em 1978. Foi vetado de assumir a presidência da Ação Social da Paróquia de Propriá, em 1974.