Se o Brasil é um país que assassina violentamente a memória, Sergipe é um lugar privilegiado, um cemitério do esquecimento. Muitas mulheres e homens valorosos, com histórias extraordinárias, desapareceram e continuarão assim por essas bandas. Um dos exemplos é o da fantástica escritora, intelectual e poetisa Jacinta Passos. “Educada em tradicional família do interior da Bahia, Jacinta paulatinamente rompeu os limites impostos por sua época e situação social. Fez da poesia arma de esplendor e guerra”, conta-se em sua biografia.
Jacinta formou-se em Pedagogia e se casou com James Amado, irmão de Jorge Amado. Em 1944 ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). No início dos anos 1960, veio morar na Barra dos Coqueiros e tentou organizar os pescadores, além de participar de ações políticas em Aracaju. Com o golpe militar de 1964, Jacinta é presa pichando muros na capital. Como ela respondeu às torturas no Quartel do Exército (28º BC) com poesia, foi considerada louca e internada na Clínica Psiquiátrica Adauto Botelho e, na sequência, jogada para sempre na Clínica Santa Maria, no bairro América.
Tratava-se de uma presa política, tida como louca, sem julgamento, uma grande poetisa e escritora de contos, textos de história e de filosofia, peças de teatro e de letras de música. Em 28 de fevereiro de 1973, Jacinta morreu, aos 57 anos, no internamento da Clínica Psiquiátrica Santa Maria. Contudo, é na brecha que a vida acontece onde se imagina túmulo. O inquieto documentarista, produtor cultural e educador Sérgio Borges fez nascer nesse lugar improvável o documentário “Jacinta Passos, Se me Quiseres Amar”, que fantasticamente rompe com a invisibilização dessa mulher extraordinária que passou os últimos anos de sua vida internada em um sanatório em Aracaju na década de 70.
Para nós, da Mangue Jornalismo, esse documentário é rigorosamente jornalístico, necessário e precisa ser visto aqui. Assista, comente e compartilhe.
Direção
Sérgio Borges
Produção e produção executiva
Thiago Paulino
Assistente de Direção
Marco Vieira
Assistente de produção e pesquisa
Guilherme Mariano
Direção de fotografia e captação de áudio
Edu Freire
Montagem
Sérgio Borges/ Edu Freire/ Thiago Paulino
Roteiro e pesquisa
Sérgio Borges
Maquinaria
Rodrigo Santos
Uma resposta
Que bom, Sergio, encontrar aqui seu documentário, tão bem realizado, sobre a vida de Jacinta Passos, minha mãe, especialmente sobre o período em que viveu em Sergipe. Parabéns a você e à toda a equipe!