No último domingo, 6, mais de 1,7 milhão de sergipanos estavam aptos a votar nos 75 municípios e eleger ou reeleger prefeitos e vereadores, sendo que em 74 deles a decisão final ocorreu no domingo mesmo, visto que somente na capital poderia ter 2º turno, o que aconteceu.
Os resultados das urnas no domingo passado revelaram uma configuração eleitoral nos 74 municípios sergipanos que sugere o controle político dividido da grande maioria das prefeituras nas mãos dos partidos do governador Fábio Mitidieri, o PSD, e do ex-deputado federal André Moura, o União Brasil, pai da candidata Yandra, que ficou em 3º lugar na eleição para a Prefeitura de Aracaju.
O PSD elegeu 26 prefeitos e o União, 24, ou seja, dos 74 municípios, 50 estão concentrados diretamente com Fábio Mitidieri e André Moura, o que representa 67,5% do total. Além disso, foram contabilizados mais dez outros prefeitos eleitos a partidos aliados tanto ao governador quanto ao ex-deputado federal, como é o caso do PP, MDB, PDT, Republicanos e Podemos, perfazendo uma força política que chega a 63 municípios.
Na matemática eleitoral, o PT fez apenas sete prefeitos que estariam alinhados ao senador Rogério Carvalho (PT) e/ou ao ministro Márcio Macedo (PT), a exemplo das cidades de Simão Dias, Nossa Senhora de Lourdes e Cristinápolis. O PL, do prefeito eleito de Itabaiana Valmir de Francisquinho, fez outros quatro prefeitos. Em tese, esses 12 novos prefeitos supostamente não estariam apoiando diretamente nem Fábio Mitidieri nem André Moura.
Importante destacar que o PSD e o União Brasil não conquistaram apenas pequenas prefeituras, ao contrário: dos dez maiores colégios eleitorais de Sergipe, o partido do governador venceu em cinco, nomeadamente Barra dos Coqueiros, Estância, Lagarto, Tobias Barreto e Nossa Senhora da Glória. O União fez prefeitos em todas as regiões de Sergipe.
Neste ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os três partidos que mais tiveram candidaturas em Sergipe, seja para o cargo de prefeito ou de vereador, foram justamente o PSD, com 831 e o União Brasil, com 736. O PP, do senador Laércio Oliveira, colocou 573 candidatos, elegeu vários vereadores e cinco prefeitos, confirmando crescimento de sua força política, além de ter o candidato a vice-prefeito de Aracaju, Fabiano Oliveira, concorrendo na chapa da situação no 2º turno.
Proporção de candidatos e eleitos por partido
Em Sergipe, 44 municípios elegeram “novos” prefeitos e 30 outros foram reeleitos. Vale a pena destacar que somente o município de São Miguel do Aleixo teve uma só candidatura à prefeitura, que foi de Cleane de Everton, do União Brasil.
No município de General Maynard, Marcones Melo (PSD) foi o mais votado, mas teve sua candidatura anulada judicialmente. Dessa forma, quem deve assumir o cargo é Acássia Sobral, do PT, que teve 27,6% dos votos.
O quadro eleitoral nos nove maiores colégios eleitorais do estado
Nos nove maiores colégios eleitorais (com exceção de Aracaju), os eleitos foram: Dr. Samuel (Cidadania); Valmir de Francisquinho (PL), em Itabaiana; Sérgio (PSD), em Lagarto; Júlio de Marcos (União Brasil), em São Cristóvão; André da Graça (PSD), em Estância; Dilson de Agripino (PSD), em Tobias Barreto; Cristiano Viana (PT), em Simão Dias; Airton Martins (PSD), na Barra dos Coqueiros; e Luana Oliveira (PSD), em Nossa Senhora da Glória.
Nesses nove maiores municípios em termos eleitorais, somente três prefeitos foram reeleitos: Dilson de Agripino, em Tobias Barreto; Cristiano Viana, em Simão Dias e Luana Oliveira, em Nossa Senhora da Glória. Nas nove cidades, sete candidatos conseguiram se eleger com mais de 50% dos votos. Somente os municípios de Estância e Simão Dias contaram com 43,48% e 49,3%, simultaneamente.
Prefeitos (as) nos 09 maiores colégios eleitorais de Sergipe
Candidatos com maiores fortunas foram eleitos
Durante a cobertura eleitoral, a Mangue Jornalismo divulgou um Dossiê com as 20 maiores declarações de bens dos candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador. Dos 20 que configuram na lista, cinco conseguiram se eleger para prefeituras, com o destaque para Medici de Maim(PP), reeleito no município de Maruim e com uma declaração de bens superior aos R$ 19 milhões.
Machadinho (União Brasil), eleito em Canindé do São Francisco, figura entre o segundo prefeito do Estado com maior declaração de bens, um valor que ultrapassa os R$ 5 milhões. Entre os cinco eleitos, vale a pena destacar também André Graça (PSD), de Estância, com mais de R$ 3,2 milhões; Jal das Construções (PSD), de Tomar do Geru e Alysson de Amintas (PSD), de Neópolis, que possuem, ambos, mais de R$ 3 milhões.
O que chama a atenção é que na lista dos dez prefeitos eleitos com maior declaração de bens, todos são do sexo masculino e nove deles vivem em municípios com populações de até 20 mil habitantes. Outro ponto importante é que os prefeitos eleitos de Amparo de São Francisco (Marcos Sandes, do Republicanos) e São Francisco (Dudu, do União), os dois menores municípios de Sergipe, estão entre os dez mais “ricos”, com declaração de bens superior a R$ 2 milhões.
Prefeitos eleitos com as dez maiores declarações de bens
Sergipe elegeu somente 13 mulheres em 74 municípios
Apesar de 53% do eleitorado sergipano ser feminino, somente 13 municípios terão prefeitas nos próximos quatro anos. Esse é o caso de Itabi, Nossa Senhora Aparecida, Aquidabã e Divina Pastora. Entre os nove maiores colégios eleitorais de Sergipe, há somente uma mulher eleita, ou melhor, reeleita: Luana Oliveira, em Nossa Senhora da Glória. Em todo o estado, foram 151 candidaturas femininas à prefeitura em mais de 40 municípios sergipanos. Vale destacar que, em todo o estado, 65% das candidaturas foram masculinas.
Outro ponto importante diz respeito à raça. A maioria da população em Sergipe (mais de 60%) se autodeclara parda, porém, foram registrados 38 candidatos brancos eleitos e 36, pardos. Nenhum candidato declarado preto se elegeu. Inclusive, na análise dos dez candidatos mais “ricos” de Sergipe, somente três deles se declaram como pardos (Amparo do São Francisco, Estância e Tomar do Geru).
