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Professores marcham pelo cumprimento do piso salarial, pela revogação do novo ensino médio e contra a violência. Greve será dia 26 de abril

Parecem incansáveis, mas não são. Professoras e professores são seres humanos de carne e espírito que passam por essa curta vida dedicando-se a ensinar a outros seres. O que recebem por isso? Baixos salários, péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas, agressões, doenças profissionais, desrespeito e desprestígio. Quem mais os atacam? A maioria de prefeitos, governadores, senadores, deputados e vereadores. Na lista de algozes também figura boa parte do sistema judiciário.

O fato é que professoras e professores estão esgotados e isso faz tempo. Mesmo assim, diante de tanta humilhação e desesperança, não abandonam alunas e alunos. Muitas vezes, ano a ano, precisam sair às ruas para gritar que estão vivas e vivos e que estão paralisadas para exigir o mínimo, pelo menos o mínimo respeito.

E respeito, nesse caso, começa com o cumprimento do piso salarial, ou seja, piso, o mínimo; o estabelecimento de uma modesta carreira profissional; dignas condições de trabalho e, mais recentemente, a revogação do excludente “novo ensino médio”. Na pauta de 2023, entrou com mais força o pedido pelo direito de viver dentro das escolas. A violência não é recente, mas tem se agravado nos últimos anos.

No próximo dia 26, quarta-feira, professoras e professores em todo Brasil voltam a marchar outra vez. É dia de Greve Nacional. Em Sergipe, o Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) convocam a categoria para tomar as ruas de Aracaju em um ato unificado. A concentração será às 14 horas na Praça da Bandeira, em Aracaju. Porém, no dia 26 pela manhã, às 9 horas, o Sintese realizará uma assembleia no Cotinguiba Esporte Clube, no bairro São José, em Aracaju.

Pauta com o Governo do Estado

Representantes do Sintese vêm negociando com o Governo do Estado. A última rodada foi dia 17 e as professoras e professores reforçaram a pauta de reivindicações: retomada  da construção da carreira do Magistério estadual tendo como referência os percentuais da tabela salarial  de 2018 com o acréscimo de 1% nos vencimentos iniciais a cada três anos (progressão horizontal) e a diferenciação entre os níveis de formação, sendo 6% da formação em nível médio para a graduação, 7,3% do médio para pós-graduação, 9,5% do médio para mestrado e 15% do médio para o doutorado (progressão vertical).

O Sintese também reivindica a transformação do abono em gratificação permanente e a criação de uma comissão paritária para continuar a negociação da carreira e o descongelamento de direitos como o triênio e a Gratificação por Atividade de Tempo Integral (GATI). “Reconstruir os patamares de carreira que tínhamos em 2011 requer além de um processo de negociação com o governo, muita luta e mobilização da categoria”, analisa Ivonia Ferreira, vice-presidenta do Sintese. Ela diz que a carreira do magistério estadual praticamente não existe porque foi sendo destruída pela política dos últimos governos.

Pauta com a Prefeitura de Aracaju

“A defesa do piso na carreira para toda a categoria é uma pauta inegociável do Sindipema”, afirmou o professor Obanshe Severo, presidente do Sindipema. Ele informa que na última mesa de negociação com a prefeitura não houve proposta apresentada ao sindicato, apenas cenários/impactos. A promessa da gestão municipal é apresentar uma proposta para as professoras e professores da ativa e aposentados no início de maio. “Porém, devemos nos manter mobilizados porque sofremos um golpe no ano passado. Estávamos negociando e, de repente, o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) chamou a imprensa e apresentou um percentual de reajuste linear de 5%, desconsiderando toda negociação com o sindicato”, revela o presidente.

Essa condição fez o Magistério da rede municipal de Aracaju entrar em estado permanente de assembleia. Além do não cumprimento do pagamento do piso salarial, as professoras denunciam que as salas de aulas estão recebendo alunos acima da capacidade permitida, prejudicando a aprendizagem. Muitas escolas também enfrentam graves problemas estruturais que impedem o aproveitamento adequado do espaço pelas crianças. “Além disso, a prefeitura está promovendo demolições de prédios escolares sem justificativas plausíveis. Essas demolições deixam estudantes, pais e o corpo docente desamparados”, denunciou a professora Sandra Beiju, vice-presidenta do Sindipema.

Revogação no novo ensino médio

Na Greve Nacional do próximo dia 26, uma das pautas é a revogação do bizarro “novo” ensino médio. No ato, as professoras vão mostrar as falhas, os gargalos e os retrocessos impostos pela reforma do ensino médio, implementada pelo governo Michel Temer (MDB) por meio da Lei 13.415/2017. A secretária de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), professora Guelda Andrade afirma que matérias inadequadas desse “novo ensino” afetam diretamente o desenvolvimento de alunas e alunos em uma etapa fundamental para a formação e para que cheguem à universidade. “Esse novo ensino médio não agrega conhecimento. Estamos diante de um crime com a negação ao direito à educação de qualidade para nossa juventude”, desabafa a professora Guelda.


CRISTIAN GÓES
Com informações das assessorias do Sintese, Sindipema e CNTE.

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