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Prefeitura realiza hoje Projeto Verão mantendo alta disparidade de cachês. Enquanto artistas famosos recebem milhões, os locais amargam R$ 1 mil

Depois do Governo do Estado realizar o Projeto Verão Sergipe 2024, a Prefeitura de Aracaju inicia hoje o Projeto Verão 2024, com três dias de programação. Em ambos os casos, saltam aos olhos a manutenção da disparidade de cachês pagos pelo poder público aos artistas contratados para esses eventos.

Enquanto se gasta milhões com os pagamentos de cantores considerados “famosos”, os chamados artistas locais amargam cachês muito pequenos, em alguns casos, insignificantes.

No Projeto Verão da Prefeitura de Aracaju, por exemplo, o cachê da performática Glória Groove foi de R$ 480 mil; já a banda Reação foi contratada apenas por R$ 15 mil. A artista SandyAlê receberá R$ 10 mil por sua apresentação.

Show da cantora Glória Groove custou R$ 480 mil (Foto: Reprodução)

“Não sou contra pagar cachês de 400, 500, 600, 700 mil para os chamados grandes artistas. Não vejo problema nisso. O injusto é oferecer e pagar valores ridículos para os artistas locais que, sem ter outra alternativa, têm que aceitar e ainda ficar calado, porque se reclamar não canta mais nunca”, desabafa um cantor local contratado pela prefeitura e que pediu para não publicizar seu nome.

Ainda sobre o Projeto Verão da Prefeitura de Aracaju, cuja programação completa a Mangue Jornalismo publicou gratuitamente na Agenda Mangue Cultural, ainda podem ser vistos outros cachês volumosos. Veja AQUI a agenda.

Numa ponta, além dos R$ 480 mil de Glória Groove, também há R$ 420 mil de Emicida, outros R$ 307 mil de Baiana System, mais de R$ 110, 9 mil de Luedji Luna e R$ 107 mil de Pretinho da Serrinha. Até hoje pela manhã, a Fundação Cultural da Cidade de Aracaju (Funcaju) não havia publicado os extratos com valores dos cachês de Jorge Aragão, Marcelo Falcão, Paralamas do Sucesso, Titãs e Barão Vermelho.

Na outra ponta do Projeto Verão da Prefeitura de Aracaju estão os artistas locais Pedro Luan (R$ 20 mil), SandyAlê (R$ 10 mil), Banda Reação (R$ 15 mil), Winnie e Morgana (R$ 7 mil cada uma) e Gut (R$ 6 mil), para citar os “mais bem pagos”. No valor de R$ 5 mil estão Donna Flora, Faz Zuê, Chico Rodrigues & Forro Chic Chic, MC Pardal, Elasambô, Afoxé Di Preto e Blenda Santos.

Também há cachês de R$ 2 mil destinados a Afromusa, Dj Heinrick, Dj Gessana Shakti, Anny B, Gabineguin. Para os circos do evento (Trupe Kadabra e Rueda), o cachê é de somente R$ 1 mil. “Insisto, não se discute o valor pago aos artistas famosos. Além disso, todos sabemos que o evento é importante porque gera emprego, renda, movimenta o comércio, a cidade, atrai turistas. Tudo isso é muito importante e deve ser valorizado. Mas os artistas locais também deveriam estar nesse pacote de valorização, mas os valores dos cachês provam que a gestão da prefeitura não pensa assim”, afirmou o cantor.

Banda local Reação receberá R$ 15 mil (Foto: Reprodução)

Prática de desvalorização: cachês do Réveillon e do bloco “As Mariposas”

O Réveillon 2024, realizado pela Prefeitura de Aracaju na Orla de Atalaia, também contou com atrações de cantores “famosos” e artistas locais. Nenhum problema. A questão central é que se mantém a disparidade também entre os cachês.

Diferentes dos anos anteriores, a festa na orla foi realizada em dois dias. Numa das pontas dos cachês pagos por todos moradores de Aracaju estão Jão, que recebeu R$ 600 mil, Samuel Rosa com R$ 565 mil, Psirico com R$ 300 mil, Timbalada com R$ 200 mil, Luan Estilizado com 150 mil e Mariana Aydar com R$ 115 mil.

Na outra ponta estão Nona com R$ 20 mil, Dj Marráia com R$ 10 mil, Samba de Salto com R$ 9 mil e Dj Lôra com 2 mil.

Dinheiro público para cachê e festa a Prefeitura de Aracaju tem. Por exemplo, a gestão municipal patrocinou o Bloco “As Mariposas”, um evento realizado nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro no bairro Olaria, zona oeste de Aracaju, nas proximidades do Jardim Centenário. Lá, a banda La Fúria recebeu R$ 150 mil, os Cavaleiros do Forró tiveram cachê de R$ 140 mil, Swing Arte Mania teve contrato de 60 mil, entre outros.

Prefeitura não responde

Por várias vezes, a Mangue Jornalismo tentou falar com a Funcaju para comentar sobre a política de contratação de artistas e a discrepância nos cachês, mas até o limite de publicação dessa reportagem não recebemos nenhuma resposta. Assim que chegar alguma manifestação da prefeitura este texto será atualizado.

Atualizado em 01/03/24 às 16 horas.

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