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O primeiro mês “manguezando” sob o sol e a chuva

Ontem, sexta-feira de Lua Nova, 19 de maio, a Agência Mangue de Jornalismo completou 30 passadas sob o sol e a chuva no tabuleiro sergipano. Após cerca de seis meses de reuniões, planejamento e muita articulação desde a primeira conversa presencial numa quinta-feira de novembro, ali no Cacique Chá, poucas horas antes da estreia do Brasil na Copa, chegamos na praça digital com um projeto de jornalismo independente, de qualidade e sem rabo preso. Sim, Sergipe tem um veículo jornalístico verdadeiramente independente. Ocorre que isso tem um custo.

Na data escolhida a dedo, “manguezamos” exatamente no Dia dos Povos e das Comunidades Indígenas com uma reportagem especial sobre o extermínio físico e simbólico, o apagamento indígena em Sergipe, e que nos rasga agora, no tempo presente. Abordamos também nesse período a problemática do ecocídio das árvores da Avenida Hermes Fontes, em Aracaju, e expusemos ainda as muitas violações das construtoras sobre comunidades tradicionais da Zona de Expansão da capital da “qualidade de vida”. Tudo isso é reportagem, nossa vocação. Bom, mas tudo isso tem um custo.

Expusemos também aqui na Mangue todo o lastro escravocrata sobre a exploração das trabalhadoras domésticas, seus relatos de privações e violações sob os cômodos de seus patrões. Cobrimos, de dentro, as marchas e atividades importantes do movimento sindical e popular, como a Marcha do Magistério Público e o ato unificado em primeiro de maio, dia das trabalhadoras e trabalhadores. Organizamos um material especial sobre o 13 de maio e ouvimos personagens do movimento negro acerca de abolição que está por vir. E novamente, repetição é exercício de ênfase: tudo isso tem um custo. Falemos finalmente sobre ele.

“Quem paga a conta, escolhe a música”

Até o presente momento, a Mangue Jornalismo já ultrapassou os 30 dias de seu puerpério contando com a contribuição voluntária de doze profissionais da Comunicação/Jornalismo de gerações, anseios e experiências distintas. Importante destacar que, para garantir a mais cristalina independência, o estatuto da Mangue veda o recebimento de todo e qualquer financiamento através de publicidade privada e de entes públicos, excetuando editais de fomento com ampla divulgação e concorrência.

Não existe verdadeira autonomia editorial sem autonomia financeira. Sim, o ditado nos ensina que quem paga a conta escolhe a música. Quem não quer dançar o “beija-mão” na radiola do “lambebotismo” que paira naturalmente por essas terras, deve ajudar, financiar, apoiar e fortalecer as experiências e os espaços jornalísticos independentes, relevantes e dissonantes. A Mangue Jornalismo se apresenta muito modestamente para isso e, esses 30 dias de trabalho já indicam nosso compromisso

Sim. Não temos vergonha de dizer que, precisamos da colaboração de todas, todos, todes para levantar uma sede para a Mangue, ajudar a pagar os custos operacionais básicos cotidianos e pagar também justos dividendos trabalhistas de quem todos os dias faz publicar reportagens de qualidade nesse espaço. Se em apenas 30 dias conseguimos excelentes resultados operando de forma exclusivamente voluntária, imagina só quando estivermos em condições de pagar e reforçar nossa equipe, além de oferecer produtos exclusivos da Mangue Jornalismo? Sim, é possível. Sim, é viável. Sim, é pra ontem. Ah, e diferente do que se espalha pelos corredores oficiais de Sergipe, jornalistas valem mais “que um prato de comida e um copo de cachaça”.

Certamente você já disse, com razão, ou já ouviu falar de que em Sergipe não tem jornalismo independente. Não tinha! Agora tem! E como é bom ter aqui um jornalismo independente, não é? É. Também achamos isso, mas como já afirmamos, isso custa caro. Veja, contribuindo com qualquer valor mensal através de nosso pix manguejornalismo@gmail.com você já estará fazendo algo incrível, participando diretamente do jornalismo independente de Sergipe. Nos próximos dias vamos lançar um plano de assinaturas e contribuições fixas para todos os bolsos e disposições.

Sabemos que muitos de nós ainda estamos nos recuperando da crise e dos graves impactos da pandemia de Covid 19. Além disso, tivemos que lutar contra a política de morte e ódio nos quatro anos de um desgoverno abertamente fascista. Bom, queremos respirar junto com vocês.

Em um tempo em que se obtém informação “de graça” em detrimento do roubo de nossos dados, do avanço das Big Tech´s, das indústrias que proporcionam marés de desinformação (fake news), o jornalismo independente e comprometido com a verdade no relato dos fatos é mais que um custo, é uma necessidade e um direito de todes, todas e todos.

Portanto, você que nos acompanhou nestes mais de 30 dias e 30 noites de “manguezamento”, se “aprochegue” um pouco mais e convide mais gente para reforçar nossas raízes. Apoie e financie quem alimenta a escuta, as narrativas de nossos povos e territórios. Apoie e financie o eco das vozes que não são ouvidas nas coberturas oficiais.

O mundo é grande e o destino nos espera. Nossos planos são muito bons.

AGÊNCIA MANGUE DE JORNALISMO

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