A Mangue Jornalismo vai entrevistar todas(os) as(os) candidatas(os) à Prefeitura de Aracaju. Para garantir a isenção, as perguntas são rigorosamente iguais para todas(os) elas(es). As respostas devem ter o mesmo tamanho (até 15 linhas em espaço simples, fonte Arial e tamanho 11).
Na terceira entrevista sobre as eleições 2024, Mangue Jornalismo conversa com a candidata do Partido Liberal (PL) à Prefeitura de Aracaju, Emília Corrêa. A coligação “Por uma nova Aracaju”, pela qual ela disputa, ainda conta com a Federação PSDB/Cidadania e o partido Agir. O vereador Ricardo Marques (Cidadania) é o candidato a vice-prefeito.
Defensora Pública aposentada, Emília Corrêa Santos Bezerra é natural de Lagarto/SE. Ela tem 62 anos e está em seu segundo mandato como vereadora da capital sergipana. Foi presidente da Comissão de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE) e lecionou a disciplina de Direito Constitucional na Universidade Tiradentes (Unit). A candidata declarou R$ R$ 1.010.000,00 em bens à Justiça Eleitoral.
Seu plano de governo está dividido em 14 eixos temáticos: educação, desenvolvimento social, saúde, mobilidade urbana, habitação, infraestrutura e urbanização; meio ambiente, saneamento básico e sustentabilidade; cultura; juventude e lazer; segurança pública, turismo, entre outros. Veja a íntegra do documento no site do Tribunal Regional Eleitoral.
A cobertura das eleições é realizada por um consórcio formado pela Mangue Jornalismo, Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e pelo Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).
Mangue Jornalismo (MJ) – Qual a avaliação geral da gestão da Prefeitura de Aracaju que se encerra em dezembro?
Emília Corrêa (EC) – A atuação da Prefeitura de Aracaju, liderada pelo prefeito Edvaldo Nogueira, tem gerado uma insatisfação total da população aracajuana. No transporte público, os problemas são notórios. Os usuários enfrentam uma frota sucateada, falta de conservação dos terminais e uma tarifa que não oferece um serviço de qualidade. Na saúde, a população também sofre com falta de medicamentos, de médicos, demora de exames, consultas, além de condições precárias nas unidades de saúde. Isso sem falar em regiões inteiras da cidade sem infraestrutura, acarretando uma série de consequências negativas às comunidades. A falta de uma gestão eficiente e a ausência de políticas públicas adequadas têm prejudicado diretamente a qualidade de vida dos aracajuanos.
MJ – Nos últimos anos, a gestão municipal de Aracaju foi muito agressiva contra o meio ambiente: destruiu árvores, aterrou mangues e permitiu o avanço de construtoras sobre a antiga Zona de Expansão, local de adensamento restrito e de áreas de proteção ambiental. Além disso, Aracaju é uma das poucas capitais que nem têm um plano de enfrentamento à crise climática – só tem 4% das áreas ambientais protegidas. Quais suas propostas para o meio ambiente na cidade?
EC – A destruição de árvores centenárias da nossa cidade, o aterramento de mangues, e a permissão para o avanço desordenado de construtoras, pela falta da revisão do Plano Diretor, são exemplos claros de como a prefeitura priorizou o desenvolvimento descontrolado e não sustentável. O Parque da Sementeira, por exemplo, uma área que deveria ser restrita e de proteção ambiental, foi transformada em um canteiro de obras, todo cimentado, evidenciando a falta de compromisso com o futuro sustentável da cidade. Aracaju se destaca negativamente por ser uma das poucas capitais que ainda não possui um plano de enfrentamento à crise climática, uma falha grave que demonstra a ausência de uma visão estratégica e responsável por parte da atual gestão. Como candidata à prefeitura, minhas propostas para o meio ambiente são focadas na preservação e recuperação dos nossos recursos naturais, além de preparar a cidade para os desafios futuros, como as mudanças climáticas. Primeiramente, é crucial atualizar o Código Ambiental de Aracaju, tornando-o mais rígido e eficaz para enfrentar as agressões ao meio ambiente que presenciamos nos últimos anos.
MJ – Aracaju tem uma frota de ônibus pequena e caindo aos pedaços. Foi realizada uma polêmica licitação e tudo vai continuar como antes, mas com aumento da tarifa. Quais suas propostas para o transporte urbano e a mobilidade em geral?
EC – Minhas propostas para a mobilidade urbana em Aracaju são voltadas para modernizar e tornar o sistema de transporte mais eficiente, seguro e acessível para todos os cidadãos, promovendo também a sustentabilidade e a inclusão tecnológica. Pretendo realizar uma revisão e adequação dos corredores de transporte existentes, ampliando-os conforme necessário para atender a demanda crescente. Também vamos revisar e modernizar os terminais, aumentando sua capacidade e garantindo que ofereçam segurança e conforto aos usuários. É fundamental o desenvolvimento de um novo modelo de alta capacidade de transporte público para Aracaju, que atenda de forma mais eficiente as necessidades da população, reduzindo o tempo de deslocamento e melhorando a qualidade do serviço. Vamos abrir a caixa preta da planilha do sistema público de transporte, para que, mesmo com essa possível licitação, o serviço esteja voltado à população, e não às empresas.
MJ – A capital de Sergipe tem um dos piores índices em transparência pública, segundo pesquisa nacional da Universidade de São Paulo. Quais seus compromissos com a transparência dos atos públicos?
EC – Quanto à transparência e ao combate à corrupção, considero esses princípios fundamentais para uma gestão pública eficiente e ética. Estou comprometida em implementar e fortalecer mecanismos de transparência, como a ampliação do acesso à informação e a promoção de audiências públicas e consultas populares. Além disso, pretendo estabelecer parcerias com órgãos de controle e a sociedade civil para aprimorar os mecanismos de fiscalização. O combate à corrupção será uma prioridade inegociável em minha gestão, com a adoção de políticas de integridade e a valorização do servidor público, criando um ambiente de trabalho que desencoraje práticas corruptas e promova a ética e a legalidade em todas as ações da administração municipal.
MJ – Há uma reclamação generalizada dos artistas locais sobre a cultura. Falta de transparência, participação, cachês ridículos, favorecimentos políticos. A gestão da Cultura no Município parece ser um caso. Quais suas propostas para alterar esse quadro?
EC – A cultura em Aracaju tem sido negligenciada nos últimos anos, com uma gestão marcada por falta de transparência, baixa participação dos artistas locais e cachês desrespeitosos. Esse cenário é inaceitável e precisa ser transformado urgentemente. Para apoiar nossos artistas, vamos desenvolver políticas que abrangem desde a formação e capacitação até o incentivo à produção e circulação de suas obras. Criaremos programas de bolsas e editais de fomento à cultura, garantindo recursos para que os artistas possam desenvolver seus projetos. Além disso, investiremos na infraestrutura cultural da cidade, melhorando e ampliando os espaços culturais disponíveis para exposições, apresentações e outras atividades artísticas. Também promoveremos a integração dos artistas locais em redes e eventos culturais nacionais e internacionais, ampliando assim a visibilidade e o reconhecimento do talento da nossa cidade.
MJ – Antes conhecida como “capital de qualidade de vida”, Aracaju avança numa situação de dezenas de pessoas em condição de rua. Homens, mulheres, crianças e idosos abandonados pelo poder público municipal. Como será enfrentada a questão em seu governo?
EC – Essa realidade é inaceitável e exige uma resposta urgente e humanizada. Pretendo fortalecer e implementar a fiscalização das políticas de assistência social, promovendo a inclusão de representantes de diversos segmentos da sociedade, para que as políticas públicas reflitam verdadeiramente as necessidades e aspirações da população. Os idosos, que representam uma parcela cada vez maior da nossa população, terão garantidos seus direitos e acesso a serviços de saúde de qualidade, além de programas que promovam sua inclusão e participação ativa na sociedade. As redes de apoio às mulheres vítimas de violência, criar programas de capacitação profissional direcionados às mulheres e promover políticas de equidade salarial. Além disso, é essencial garantir o acesso das mulheres a todos os serviços de assistência social, saúde e educação. Na minha gestão, as escolhas de religião, gênero, raça ou orientação sexual não serão fatores determinantes nas políticas públicas. O que nos guiará será o compromisso com a dignidade humana, a igualdade e a liberdade.
MJ – Na cidade também existe uma reclamação generalizada das pessoas que precisam do serviço de saúde: faltam remédios básicos, não se consegue fazer exames simples e muito menos há atendimento de especialistas. Quais suas propostas para saúde em Aracaju?
EC – Meu compromisso é transformar o sistema de saúde para garantir acesso universal e de qualidade aos serviços, com foco na humanização do atendimento e na eficiência da gestão. Vamos ampliar o número de equipes do Programa de Saúde da Família para garantir cobertura total em todas as áreas, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Isso permitirá que todos os aracajuanos tenham acesso a cuidados de saúde preventivos e básicos perto de suas casas. Pretendo implementar e fortalecer farmácias populares nas Unidades Básicas de Saúde, garantindo a distribuição gratuita de medicamentos essenciais e insumos básicos. Isso aliviará o orçamento das famílias e assegurará que ninguém fique sem o tratamento por falta de recursos. É compromisso cuidar da saúde bucal, materno-infantil, do homem, do idoso, da pessoa com deficiência, da comunidade LGBTQIAPN+ e até mesmo da saúde animal. Vamos reestruturar os dois hospitais existentes, construir um novo hospital na Zona de Expansão, três centros de diagnóstico por imagem, transformar a maternidade em um Hospital da Mulher e da Criança, além do Hospital Veterinário. Vamos ampliar a pauta de discussões com os sindicatos das categorias da saúde sobre temas sensíveis, assegurando que direitos e necessidades dos profissionais sejam respeitados.
MJ – Na educação a cidade também não vai nada bem. São mais de 2,8 crianças da educação infantil fora da escola porque não há vagas. Além disso, os professores até hoje pedem que seja cumprida a lei do piso salarial. Como pretende enfrentar os graves problemas da educação no município?
EC – A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento de Aracaju, e nossa gestão tem um compromisso firme com a melhoria contínua da rede pública municipal de ensino. Com 86 escolas, atendendo mais de 34 mil estudantes, sabemos da importância de oferecer uma educação de qualidade desde a infância até a fase adulta. Um dos nossos primeiros compromissos será zerar a fila de espera para o acesso às creches. Reconhecemos que essa fase da educação é essencial para o desenvolvimento integral do ser humano, focando no acolhimento, aprendizagem, socialização e alimentação. Cada criança terá a oportunidade de iniciar sua jornada educacional em um ambiente seguro e estimulante. Também vamos implementar um programa de capacitação continuada para todos os educadores, com foco especial na educação infantil. Acreditamos que investir na educação é investir no futuro de Aracaju.
MJ – O Centro de Aracaju está abandonado. O patrimônio público esquecido e destruído, inclusive a sede da própria prefeitura. Existem ruas desertas e quase fantasmas. Quais suas propostas para o Centro?
EC – O esvaziamento do centro comercial de Aracaju é uma questão preocupante que precisa ser abordada com um plano de revitalização abrangente. Meu compromisso é revitalizar essa área, não apenas para restaurar sua vitalidade econômica, mas também para gerar empregos, atrair investimentos e incentivar o empreendedorismo local. Vamos criar uma zeladoria para centralizar todas as demandas de comerciantes e consumidores, agilizando as soluções. Além de estabelecer uma coordenação do Plano de Modernização do Centro (PMC), dentro da estrutura da Secretaria Municipal de Planejamento. Queremos que o Centro de Aracaju volte a ser um polo de desenvolvimento econômico vibrante e atrativo para empreendedores, consumidores e moradores, devolvendo a essa região, a importância e a vitalidade que ela merece.
MJ – Sendo eleita, quais serão os primeiros atos de sua gestão?
EC – Se eleita, meus primeiros atos de gestão serão focados em ações emergenciais e que impactem diretamente a vida dos aracajuanos, marcando o início de uma administração comprometida com a transformação da cidade. Mas destaco aqui o congelamento do IPTU, as ações voltadas a zerar a fila de creches, medidas de prevenção às enchentes, além de melhorias urgentes no transporte e na saúde.
TRANSPARÊNCIA 1:
Cada pergunta poderia ser respondida em até 15 linhas e as(os) candidatas(os) foram informadas(os) de que, se o tamanho da resposta ultrapassasse o limite determinado, haveria edição. Nesta entrevista, a repórter o ajuste necessário, mas manteve as ideias centrais da candidata em cada resposta.
TRANSPARÊNCIA 2:
A cobertura das eleições em 2024 está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).
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