
Está agendado para o dia 28 de março o lançamento do livro “A luta política dos trabalhadores no Estado de Sergipe – partidos, centrais e sindicatos, 1960 – 2005”. A obra é de autoria do professor Sérgio Silva de Araújo, sociólogo, cientista político, bacharel em Relações Internacionais e servidor aposentado da Petrobras. O lançamento será às 18 horas na Biblioteca Pública Epifânio Dória, em Aracaju.
Vale registrar que todo projeto do livro é uma ação solitária de Sérgio. “O projeto, os custos da pesquisa, revisão e edição tudo por minha conta. A impressão é autofinanciada, mas tive apoio da Federação Única dos Petroleiros”, conta o autor, que é mestre e doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Sérgio é natural de Propriá e exerceu cargos de direção no Partido dos Trabalhadores (PT), na Central Única dos Trabalhadores (CUT), no sindicato dos petroleiros (Sindipetro AL/SE) e atuou no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, entre outras atividades.
A obra “A luta política dos trabalhadores no Estado de Sergipe” forma três volumosos livros de uma história que não pode ser esquecida. O que será lançado no final do mês é o primeiro volume, onde o autor se dedica, com ênfase, a mostrar o percurso dos petroleiros em Sergipe. No segundo, Sérgio conta as histórias de várias categorias de trabalhadores e no terceiro mostra a trajetória do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado. O segundo e terceiro volume ainda não têm data de lançamento.

O que chama atenção no livro “A luta política dos trabalhadores no Estado de Sergipe” é a grande quantidade de registros fotográficos. “Esse é um ponto alto do livro, os meus registros fotográficos do período em que estive mais engajado nos movimentos. Fiz parte diretamente das mobilizações. Todo esse material, imagens e documentos que acumulei não poderiam ser guardados e comidos pelas traças. Assim, resolvi registrar em livro para que as gerações futuras possam estudar e compreender aqueles momentos”, disse Sérgio Araújo.
O autor conta que a ideia do livro surgiu desde o trabalho de conclusão do Curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde estudou a economia do petróleo e a luta de classes no estado. “Há uma predominância dos petroleiros, mas o material que tenho é tão rico e extenso que separei em três volumes. Dessa forma, no segundo aparecerão registros dos trabalhadores rurais, bancários, comerciários, professores, metalúrgicos, do saneamento e outros. E o terceiro volume me dedico ao PT, mas também faço referência a outros partidos de esquerda”, conta..
Para revelar as tantas histórias, ao grande acervo fotográfico de Sérgio Araújo foram adicionadas outras imagens, recortes de jornais, artigos e uma boa bibliografia para sustentação teórica. Ele também recolheu depoimentos de trabalhadores que estiveram à frente dos vários movimentos ou que observaram as greves e os conflitos do capital x trabalho em Sergipe.
“Na capa do livro, por exemplo, a foto superior retrata o momento de uma greve em frente à Petrobras em novembro de 1988. A foto inferior é um momento de violência da polícia agredindo e espancando um trabalhador na greve maio de 1988, em frente à sede da Petrobras, também na rua Acre, no bairro Siqueira Campos, em Aracaju. Esta foto está na capa do Jornal da Cidade do dia 4 de maio de 1988”, informa Sérgio.

O autor esclarece que grande parte do seu trabalho olha o período entre os anos 1984 e 2005, momento de seu forte engajamento político. Entretanto, ele resolveu voltar até os anos 1960 para entender de onde e como vinham as organizações dos trabalhadores. “Convivi com pessoas que viveram a angústia e as amarguras do período ditatorial, daí a necessidade de fazer esse registro para localizar a categoria petroleira como refém e vítima do Estado Militar”, disse.
Sérgio Araújo resume a luta dos trabalhadores na ditadura como momento de resistência, organização e enfrentamento, “tanto que se construiu nos anos posteriores o que podemos chamar de um grande movimento político capaz de estar à frente da direção de grandes cargos políticos do estado, elegendo deputados, senadores, governadores e prefeitos e ainda hoje guarda esses resquícios apesar das adversidades”.
“Espero que o trabalho seja apreciado pelos trabalhadores e pelos acadêmicos, pois tem uma vasta documentação histórica. Espero que o livro inspire novas gerações de trabalhadores a tomarem consciência de classe para si e, diante das injustiças sociais, busquem construir uma história de resistência capaz de modificar a sociedade para uma condição humana mais equitativa, igualitária e justa, onde as pessoas olhem para as outras com alteridade”, acredita Sérgio Araújo.