Diocese de Propriá enfrentou jagunços, o poder das elites sergipanas e a difamação montada pela ditadura

OSNAR GOMES DOS SANTOS, especial para Mangue Jornalismo
(osnar.gomes@hotmail.com)

Equipe missionária da diocese de Propriá (Créditos: CDJBC)

A opção preferencial pelos pobres assumida pela Diocese de Propriá motivou o clero a rever sua posição no tecido político e social. Essa postura deflagrou confrontos com as elites locais e incitou a ditadura a uma implacável investida para sufocar os impulsos progressistas da instituição.

Resistente às pressões, a nova relação da diocese com a sociedade implicou até mesmo em mudanças no cerimonial de missas e festas religiosas. Já não eram mais permitidas, por exemplo, celebrações de missas de aniversário ou de posses de políticos, nem mesmo para comemorar acontecimentos políticos.

Estavam sumariamente proibidas as controversas missas de aniversário da autodenominada “revolução de 64”, então realizadas nos dias 31 de março. Essa reorientação religiosa desafiou frontalmente o poder simbólico tão disputado pelas elites, que procuravam mobilizar o seu prestígio na sociedade.

Para piorar a situação, houve alterações no formato de festejos religiosos, com o objetivo de dar protagonismo às classes subalternas na organização de festas tradicionais.

Em Canhoba, a equipe missionária da diocese montou uma comissão para organizar a festa de Santo Cruzeiro. O conservadorismo local, mancomunado com a elite política e a truculência do jaguncismo, afrontou o clero e anunciou a expulsão de religiosos da cidade.

Na cidade de Ilha das Flores, aconteceu um marcante episódio que ficou conhecido como “A Guerra das Fechaduras”. Tratava-se de um conflito pela posse das chaves da Igreja. Ainda em Ilha das Flores, ocorreram novas expulsões de religiosos e articulações foram feitas para desmoralizar a instituição. A Igreja Matriz foi pichada com os dizeres: “Não queremos padres estrangeiros”.

O resultado foi um cisma histórico entre a diocese, as elites políticas e o conservadorismo local. Também nessa cidade, no povoado Serrão, membros da diocese precisaram realizar celebrações na rua, por ter perdido o controle da Igreja.

Enquanto a diocese fazia a sua opção pelos pobres, a polícia local e a polícia política faziam a sua opção pelos nobres, legitimando os ataques e provocações. A ditadura de plantão conduzia operações para difamar Igrejas progressistas nos Estados da Bahia e Sergipe. A Diocese de Propriá, obviamente, foi novamente um dos seus alvos.

Após leitura do Evangelho, o frei Roberto foi agredido por filho de fazendeiro

Frei Roberto Eufrásio (ao centro), sorrindo para a câmera, enquanto frei Enoque toca em seu braço. (Crédito: CDJBC)

Ficavam cada vez mais claras as antipatias entre a prática da libertação de alguns elementos diocesanos e a prática da suspeição que se erguia contra os seus trabalhos. O ano de 1974 explicitou os antagonismos crescentes. Em fevereiro do ano citado, um caso de agressão pressagiou a onda de choques por vir.

Numa visita a moradores pobres da região, os frades Enoque, Roberto Eufrásio e o missionário Júlio Justino foram à Fazenda Araticum, município de Porto da Folha, que ficava às margens do baixo São Francisco.

Durante o dia, chegaram à lagoa onde os trabalhadores da fazenda plantavam arroz. Colheram depoimentos que narravam as relações de poder existentes ali. Estes foram alguns dos depoimentos:

No trabalho eles contaram como eram tratados, suas filhas defloradas pelos filhos do fazendeiro Elpídio, açoitados no trabalho, morador lançado ao rio com uma pedra no pescoço, jovem trabalhador arrastado na cauda de um cavalo pelo Zé Pretinho, filho do proprietário.[1]

Os missionários conversaram entre si sobre o que ouviram. Refletiram, inclusive, sobre o regime de meação que vigorava na fazenda e a medida grande do patrão ao receber sua parte.

Na noite do dia seguinte, começaram a celebrar uma missa na frente da capelinha da fazenda, perto dos moradores. Não demorou a aparecer no local o carro da fazenda com o fazendeiro Elpídio e seus filhos.

Os frades liam o evangelho de Lucas. Coube ao frei Enoque anunciar a felicidade dos pobres e ao frei Roberto asseverar sobre a maldição dos ricos. Segundo o frade: “Neste momento em que fiz a advertência a eles diante de sua exploração, os filhos intervieram acusando-nos de comunistas e subversivos. O clima esquentou”.[2]

Elpídio mandou seus filhos se calarem, mas foi em vão. No relato do frei Roberto Eufrásio, a agressão física que sofreu não foi mencionada. Mas, em outras fontes, aparecem informações a respeito dela. Algumas dessas fontes foram encaminhadas para o secretário de Segurança do Estado de Sergipe, Carlos Leite.

Eram exemplares do jornal A Defesa e uma folha mimeografada. Esta versou de modo mais detalhado sobre os acontecimentos na fazenda Araticum. No editorial do jornal, com o título “Agressores Gratuitos”, comentou-se:

O Vigário, Frei Roberto, foi vítima de uma agressão, que só não teve as piores consequências porque os sertanejos o protegeram. A razão dessa agressão foi infelizmente a falta de atualização de algumas pessoas, relativamente, à doutrina social da Igreja, depois do Concílio Vaticano II. Frei Roberto desagradou a alguns que não compreenderam a sua pregação do Evangelho da Justiça e da Paz, longe que se encontram do desenvolvimento do atual mundo moderno, que constitui uma nova realidade tecnológica e social […].

Reafirmamos […] que a pretensão do Clero do Vaticano II – sua intenção e seu desejo – é que se modifique a situação do nosso mundo rural, que ainda carrega consigo restos de feudalismo: sistema de meia, trabalhadores não registrados, injunções políticas […] que tiram à vida do campo a alegria serena e tranquila, que deveria ser sua característica.[3]

Um informe do delegado local de Porto da Folha, José Carlos Rocha, também aludiu para a questão da agressão. O delegado encaminhou para o secretário de Segurança Pública informações sobre o caso. Disse que encerrou o inquérito policial, passando-o para o judiciário.

Informou ao secretário que instaurou, no dia 04 de fevereiro daquele ano, o inquérito para a apuração dos fatos. Remetido à Justiça, foi posteriormente baixado em diligência para a juntada do Laudo de Exame de Lesões Corporais.

Por fim, o delegado local pontuou que, no relatório feito pela delegacia, figurou como réu José Monteiro Santos, conhecido como “Zé Pretinho”. Seria ele o único autor e agressor do frei Roberto Eufrásio.[4]

O editorial do jornal diocesano encerrou suas linhas pontuando que agora restava aguardar o desfecho, com esperança. Havia um tom de otimismo sobre a apuração dos fatos que se sucederam em Araticum.

Frei Roberto está de pernas cruzadas, ouvindo atentamente a fala do bispo dom Brandão (ao centro). (Crédito: CDJBC)

Não deixa de ser curioso que, em seu relato, frei Roberto chegou a colocar que propôs uma conversa com Elpídio e seus filhos para depois da missa. Tinha por objetivo fazê-los exporem as suas reclamações. E assim foi feito.

As reclamações revelam que a incompreensão sobre as atividades missionárias da diocese não vinha apenas do Estado. Segue abaixo algumas das questões colocadas pelos donos da fazenda:

1 – Por que os senhores não se hospedam na casa-grande? Os padres anteriores sempre se hospedaram conosco.

2 – Por que não celebram a missa na frente da Casa Grande iluminada, preferindo celebrar nesta capela sem iluminação?

3 – Por que e com que autoridade ensinam aos moradores leis de arrendamento?[5]

Dessa vez, na frente da prática pastoral de elementos da diocese esteve a suspeição de uma família tradicional, e não os aparelhos de repressão e espionagem. Mas, à surdina, estes continuaram trabalhando contra iniciativas da instituição.

Polícia Federal vetou religiosos da direção de entidades sociais diocesanas

Missa em Porto da Folha. Ao centro, a histórica pintura do mural da Igreja Matriz de Porto da Folha. (Crédito: CDJBC)

Ainda no ano de 1974, uma nova ofensiva contra atividades sociais da diocese foi notada pelo clero. No dia 09 de agosto desse ano, dom Brandão procurou saber os motivos que estariam levando à Polícia Federal a vetar nomes do clero da direção de entidades sociais diocesanas.

Dom Brandão procurou uma pessoa próxima, que ocupava uma importante posição junto ao SNI, para pedir explicações. Isso fica evidente na carta que ele enviou a João Moreira da Silva, chefe do Núcleo de Agência de Aracaju (NAAR/SNI).[6]

O bispo explicou que, há cerca de seis meses, foi necessário dissolver a diretoria da Ação Social da Paróquia de Japaratuba, uma vez que a Polícia Federal vetou o nome do padre belga Claude Philippe da direção da entidade.

Dom Brandão chegou a pontuar que estranhou o fato, mas, pelo bem da paz, aprovou a dissolução da diretoria. Porém, logo foi exigida a dissolução de outra entidade diocesana, a Ação Social da Paróquia de Propriá. Junto dela, mais um nome vetado. Dessa vez, a vítima da perseguição foi o padre belga Miguel Derideau, então presidente da entidade.[7]

Dom Brandão pareceu entender que a ofensiva poderia se destinar apenas aos religiosos estrangeiros. Porém, a incompreensão se aprofundou quando o conhecido vigário de Neópolis, monsenhor José Moreno Sant’Ana, também recebeu o veto policial.

O bispo asseverou que todos ficaram surpresos com aquele veto. Além disso, afirmou que o clero diocesano ignorava, por completo, as suas razões. Ainda pontuou que foram até à Polícia Federal apurar os fatos, mas só conseguiram apurar que o veto vinha mesmo por ordem daquela polícia.

Vale destacar que se os nomes vetados continuassem à frente das respectivas diretorias, a Legião Brasileira de Assistência (LBA) ficaria impedida de liberar verbas àquelas entidades.

Isso explica a inquietude do bispo e os motivos que o fizeram procurar saber pelo chefe do núcleo de Aracaju do SNI os motivos das ofensivas contra os trabalhos sociais da diocese. Chegou a colocar que caso a questão não fosse resolvida por aqueles meios, estaria disposto a se dirigir ao Ministro da Justiça.

Uma cópia da carta de dom Brandão a João Moreira foi enviada à Agência Salvador (ASV/SNI). Nela, pode-se observar que houve, de fato, um levantamento de informações sobre os nomes escolhidos para assumir a direção daquelas entidades.

A própria LBA solicitou uma busca à Polícia Federal, segundo o informe, “mandando dizer o que constava sobre os epigrafados […], ou seja, relação dos padres progressistas”.

A Diretoria Nacional do SNI comunicou que não fossem renovados os convênios de Propriá e de Neópolis. Apenas o de Japaratuba teve a renovação, dado que houve a substituição da diretoria da Ação Social do município.[8]

Os vetos e o monitoramento frequente sobre as atividades da diocese de Propriá ainda não tinham atingido o seu ápice. Contudo, já é possível observar a constância de choques entre a instituição e o establishment

A presença de agentes religiosos abertos a uma nova prática cristã gerou estranheza e despertou suspeitas, atingindo até mesmo religiosos com práticas mais conservadoras, como era o caso do monsenhor Sant’Ana.

A troca de mensagens entre a comunidade de informações e a Polícia Federal aponta uma busca incessante pelo controle das atividades sociais da diocese. Como se viu, o boicote a iniciativas diocesanas foi uma das consequências dessa busca.

Em todos esses episódios, ficou claro o interesse da ditadura em neutralizar a influência do clero diocesano no campo político e social. Mas os aparelhos falharam ao tentar asfixiar os impulsos progressistas da instituição. Era tarde demais. Com o tempo, os agentes de pastoral radicalizaram as suas posições.

Confronto com jagunços fez cancelar a tradicional festa de Santo Cruzeiro

Na cidade de Canhoba, a equipe missionária diocesana radicalizou as suas posições. Em nome da opção pelos pobres, foi formada uma nova Comissão para organizar a tradicional festa de Santo Cruzeiro.

Ao invés dos parentes de políticos e fazendeiros, a Comissão passou a ser composta por membros das comunidades eclesiais de base, ou seja, pelos pobres das periferias antes isolados.

Políticos inconformados com a Comissão a batizaram pejorativamente de “Comissão dos Pobres”. No dia 31 de maio de 1980, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi invadida e a imagem do Santo Cruzeiro foi retirada do local.[9]

Num lance hostil, os inconformados com o que chamavam de “Comissão dos Pobres” montaram outra Comissão, sem a anuência das autoridades eclesiásticas.

Diante da invasão da Igreja e do clima de tensão, o bispo teve de viajar até a cidade, a 21 km de Propriá. No dia seguinte à invasão, 01 de junho, dom Brandão iniciou uma missa. Abaixo, o trecho de um relato sobre a celebração:

Ao iniciar a Santa Missa, o clima era de maior tensão. Reunidos ao pé do Santo Cruzeiro, os fiéis se viram cercados por políticos e jagunços, alguns visivelmente embriagados. O Santo Cruzeiro, indevidamente retirado da Igreja, estava cercado de jagunços. Era uma provocação e um flagrante desrespeito à autoridade eclesiástica.

Apesar da tensão, o bispo deu início à celebração, conclamando todos à reconciliação e à união. Ao confirmar, porém, a nomeação da Comissão constituída pelo vigário, foi violentamente interrompido por gritos de políticos, reforçados por gritarias e palavrões de seus jagunços.

Na iminência de se concretizar as ameaças de morte, anteriormente feitas publicamente, o bispo interrompeu a celebração da missa, comunicando também o cancelamento da festa religiosa […].[10]

Por sua vez, órgãos de inteligência da ditadura tinham outra versão para o caso. Foram elaborados documentos confidenciais sobre a situação do clero na região do baixo São Francisco, a pedido do IV Exército.

Um deles foi organizado pelo Comando do 3º Distrito Naval e difundido para o Centro de Informações da Marinha (Cenimar/RJ), para o IV Exército e para o Comando do 2º Distrito Naval. No texto, diz-se que a cidade de Canhoba, pequeno município de 25 mil habitantes, vivia dias de intranquilidade.

Acerca da missa do dia 01 de junho, o documento comentou sobre as reações do bispo durante o culto, a exemplo da reação em que ele chamou de “intrometida” a Comissão montada contra a vontade da equipe missionária.

O órgão de espionagem advogou que o bispo levou consigo a chave da Igreja e deixou uma maldição para os que tumultuaram o ato religioso, causando o pranto de mulheres devotas.

O documento ainda diz que dom Brandão, ao sair da missa, afirmou que um dia voltaria para retirar as imagens do templo e levá-las para a sua residência, na sede diocesana. Tal atitude fazia, segundo o documento, com que o “povo” permanecesse de vigília, com armas de prontidão, “para impedir qualquer tentativa de ‘sequestro’ das imagens”.[11]

Respondendo a pedido do IV Exército, o documento também trouxe informações sobre o casal de agentes de pastoral Remy Gauvin e Delba de Castro Ramos.

Além de tecer acusações contra ambos, porém sem apresentar quaisquer provas, o documento classificou Delba como uma “agitadora contumaz e simpatizante da doutrina marxista”.[12]

O que se tira de lição da leitura é que, novamente, a comunidade de informações trabalhou de modo a favorecer as atitudes hostis contra a diocese e a reforçar preconceitos contra as atividades da equipe missionária na região.

A “Guerra das Fechaduras” em Ilha das Flores

Não tardou para estourar um conflito semelhante em razão das mudanças da linha pastoral diocesana. Na cidade de Ilha das Flores, em julho de 1980, um documento com 145 assinaturas foi entregue ao governador de Sergipe.

O documento pedia que Augusto Franco interviesse no município de Ilha das Flores, para que fosse possível a expulsão do padre Nestor Mathieu da paróquia local. O padre era acusado de “trabalhar para um partido chefiado por Fidel Castro […] e de pregar, em vez do evangelho, o sectarismo do marxismo”.[13]

Tal documento entregue ao governador era uma reação às acusações feitas por dom Brandão. Dias antes, o bispo denunciou a tentativa de jagunços impedirem a realização de uma procissão na cidade.

O bispo apontou que, por trás da atitude dos jagunços, estava a polícia local, o prefeito da cidade e a sua esposa, funcionários da exatoria e da própria prefeitura.

O caso em Ilha das Flores radicalizava as tensões já existentes das freiras, Terezinha e Francisca, do padre Nestor e do bispo contra famílias tradicionais há muito insatisfeitas com os rumos da Igreja Matriz na cidade.

O fato é que, com a assunção da opção pelos pobres, a diocese mexia em posições de prestígio e poder no interior da instituição.

Mais recentemente, a irmã Francisca deu alguns testemunhos ilustrativos sobre o caso. Primeiro, confirmou que parte da equipe missionária foi expulsa da cidade, assim como acabou ocorrendo também em Canhoba.

Em seguida, explicou os motivos da perseguição contra as ações dos missionários na região. Lembrou que o padre Nestor Mathieu modificou o antigo percurso da procissão que precedia o início das festas de Santo Antônio.

Pela determinação do padre, a procissão não ocorreria mais ao redor da praça central, mas por todos os becos e ruelas da cidade, a fim de que chegasse até as pessoas mais pobres.  

Disse a irmã Francisca: “Não é mais a procissão ao redor da praça para as madames […] apresentar sua roupa nova e os sapatos altos”. Concluiu a irmã Francisca: “Só isso foi [considerado] uma ofensa às pessoas que se achavam importantes […]. Diziam […] que ele [o padre Nestor] não respeitou a tradição. E, por isso, então, nos expulsaram”.[14]

Na imagem, a irmã Francisca é a primeira que aparece sentada. (Crédito: CDJBC)

Num outro depoimento, a freira afirmou que o inconformismo vinha de pessoas que tinham a direção da Igreja e se achavam suas donas. Sobre a condição financeira dessas pessoas, a freira pontuou que não eram ricas, mas tinham mais posse, a exemplo de comerciantes. Essas pessoas, segundo a freira, “só não mandavam no padre porque ele não deixava, mas queriam muito”.[15]

Apesar da oposição, a diocese formou um grupo de pessoas humildes para assumir posições de destaque na Igreja daquele município.[16] O estopim para o conflito direto veio no dia 13 de julho de 1980, quando começou uma confusão durante culto dominical.

As cadeiras da Igreja foram ocupadas por grupos inconformados com a orientação da diocese. Entoavam cânticos distintos. Ao fim das celebrações, o grupo procurou se apossar violentamente das chaves da Igreja. A briga começou. 

O desfecho do conflito foi selado no momento em que o delegado de polícia, sargento Luís, se apossou das chaves e as deixou com Pureza Vasconcelos, então diretora do Grupo Escolar Municipal e do Ginásio Escolar.[17]

Em seguida, foi feita uma troca de fechaduras para impedir que o padre Nestor, vigário local, entrasse na Igreja. Em virtude das brigas pelas chaves da Igreja e as constantes trocas de fechaduras, o episódio em Ilha das Flores ficou conhecido como o da “Guerra das Fechaduras”.[18]  

A fala de Evaldo Calixto, então prefeito de Ilha das Flores, sobre o ocorrido ilustra com precisão uma das sequelas deixadas pelo Padroado: a estranha relação entre o poder político secular e o da Igreja. Assistindo ao episódio, disse o prefeito:

Minha gente, que é isso aqui? Estão brigando por causa da Igreja? A Igreja é do povo da cidade […]. A Igreja aqui […] foi feita com o dinheiro do povo e não foi feita com o dinheiro do bispo, nem com dinheiro do padre. Agora hoje, o bispo quer ser dono da Igreja, o padre quer ser dono da Igreja e o povo não pode ser dono.[19]

A fala do prefeito apresenta essa estranha relação. Deu a entender que a Igreja, uma instituição autônoma, continuava sendo a extensão do poder privado de alguns grupos. O discurso do prefeito também rebaixou o poder dos bispos – maior autoridade da Igreja – e dos padres dentro da instituição religiosa.

A diocese fez opção pelos pobres, mas a polícia política fez opção pelos nobres

O histórico de tensão da Igreja em Ilha das Flores começou em 1978, quando houve um arrombamento da casa paroquial. A omissão do delegado de polícia diante do caso chamou a atenção da diocese. Dom Brandão solicitou à Secretaria de Segurança Pública que os responsáveis por todas as ações contra a Igreja naquele município fossem processados.

Porém, num documento confidencial que a Secretaria de Segurança Pública destinou a 6º Região Militar, fica claro que o órgão policial tinha uma visão bastante distinta a respeito dos ocorridos.

A polícia política partiu do princípio de que a diocese era a verdadeira responsável pelos problemas. Prova disso aparece no início do segundo parágrafo do documento. É dito o seguinte:

O Clero, através do seu representante DOM JOSÉ BRANDÃO DE CASTRO […], atualmente atravessa uma fase difícil na Região do Baixo São Francisco e Cidades Adjacentes, principalmente nos Municípios de Propriá, Ilha das Flores, Canhoba e Porto da Folha, graças à atuação do já mencionado Bispo que tudo tem feito para criar um mal-estar e inimizade entre a população daqueles municípios, como ainda colocar a população contra Autoridades daquelas Cidades, principalmente a classe mais carente de recursos, gerando assim um problema Social envolvendo Igreja, Autoridades e o povo da Região, sendo o já mencionado Bispo o pivô de tudo.[20]

O cerco se fechava para o clero diocesano em mais um município. Novamente, as freiras da Caridade de Namur foram proibidas de entrar numa cidade, e bispo e padres foram ameaçados. Os jagunços, montados a cavalo e armados com espingarda, mantinham o cerco fechado para as irmãs.[21]

Sobre a insatisfação de alguns grupos nas cidades de Canhoba e Ilha das Flores, a irmã Francisca disse:

Essa insatisfação, em parte, talvez, por não entender […] a proposta que era novidade. Então […] nasceu uma tensão muito forte entre aquilo que nós queríamos lá realizar e aquilo que o povo imaginava como a presença de missionários lá […]. Esses donos de Igreja […] começaram a incitar povo, os pobres mesmo […], a se opor ao nosso trabalho […]. Quando o povo dizia [que] o trabalho das irmãs era rezar o terço, então, quando nós começamos a fazer outra coisa […] acho que a estranheza foi muito grande. E, também, isso mexia com as pessoas que tinham um pouco de posse […], porque, de fato, a gente […] tinha que denunciar a exploração, a opressão, tudo aquilo que era irregular e injusto […] que acontecia [na cidade].[22]

A opção que sobrou para dom Brandão foi reagir. Segundo o padre Isaías Nascimento, o bispo “interditou a Igreja Matriz de Ilha das Flores e todos os envolvidos contra a comunidade foram proibidos de ter acesso aos sacramentos”. A suspensão da medida só veio em 1984, em razão de uma reconciliação na presença do bispo e do novo pároco, Luiz Rodrigues de Souza.[23]

Vale lembrar que em Ilha das Flores, no povoado de Serrão, a diocese já denunciava um caso parecido desde junho de 1979. Foi dito que a zeladora da Igreja do Serrão, dona Djanira, recusava-se a entregar a chave da Igreja ao vigário local.[24]

A diocese denunciou que a Igreja do Serrão era usada para servir aos interesses da Codevasf. Segundo denúncia pública, foi feita uma campanha de desmoralização contra o bispo, o vigário local e os meeiros que resistiam em Betume. Uma campanha apoiada por Osman Feitosa, político e funcionário importante da Codevasf, e pelo fazendeiro Aníbal Pereira.[25]

Sem as chaves da Igreja do Serrão, a equipe missionária realizou atos religiosos na casa de pessoas e até na rua. Porém, a atitude de celebrar na rua não foi aceita pela maioria dos fiéis. Segundo descrito num comunicado interno diocesano, “batizados e casamentos não se fazem em ponta de rua”.

Mesmo explicando a situação para os leigos, a equipe admitiu que a força da tradição no valor do Templo e a força da zeladora, com mais de 50 anos de serviço, foram mais fortes.[26] Até a reconciliação, naquele município, a equipe missionária diocesana teve que conviver com as constantes hostilidades.

“Não queremos padres estrangeiros”, diz a pichação na Igreja de Ilha das Flores. (Crédito: Revista Veja, 27 de agosto de 1980, p. 28.)

Depois das expulsões em Canhoba e Ilha das Flores, a irmã Francisca declarou que ouviu do bispo: “Agora não sei mais o que […] vou fazer com vocês. [Por] onde vocês passam […] são expulsas. Então ele coçou a cabeça [e disse]: ‘vocês agora escolham um lugar onde vocês querem ficar”.[27]

Francisca disse que escolheram ir para Pacatuba. Ao chegar lá, iniciava-se a reivindicação pela terra em Santana dos Frades. O cerco fechado em Canhoba e Ilha das Flores e as oposições vindas de dentro e de fora da Igreja não impediram que a equipe missionária continuasse a se envolver nas lutas sociais que se espalhavam pelo Estado.

Radicalizavam-se as posições progressistas diocesanas no período de transição política do país. A mudança na conjuntura política, com o processo de distensão da ditadura, certamente deu ainda mais fôlego para o envolvimento da diocese nas lutas dos mais pobres.

Ditadura criou operação para desmoralizar clero progressista da Bahia e Sergipe

A reação ao trabalho do bispo e da equipe missionária da diocese de Propriá ganhou um novo episódio com a publicação de dois materiais. Um deles foi o panfleto intitulado de O Anticristo, distribuído no ano de 1982.[28]

Ao que tudo indica, tratava-se de uma campanha nacional que visava atacar bispos considerados progressistas. O panfleto também circulou em São Paulo, cujo alvo era o arcebispo dom Paulo Evaristo Arns.

Em Sergipe, a capa do livreto tinha dom Brandão com dois cifres na cabeça e um tridente nas mãos. Na estola religiosa, ao invés da Cruz, dom Brandão segurava uma foice e um martelo.

O jornal A Defesa comentou que o panfleto era dirigido a dom Brandão.[29] Para Hildebrando Maia, um dos jovens irmãos maristas recém-chegados à diocese no início dos anos 1980, o panfleto foi organizado pelo grupo católico Tradição, Família e Propriedade (TFP). Num depoimento recente, Hildebrando afirmou:

A TFP, que não tem ramificações em Sergipe […], percorreu diversas cidades do Estado distribuindo um cordel […]. Esse cordel era um livrinho, e nesse livrinho o título era O Anticristo […]. A foto da capa era dom José Brandão de Castro com ponta, rabo e tridente. E o texto era dizendo que ele era o bispo comunista […], que pregava ideias do demônio.[30]

Hildebrando lembrou que a TFP não trabalhava com cordel, nem sua linguagem era a popular. Mas, estrategicamente, utilizou tal linguagem por ser acessível às camadas populares na região.

Ainda naquele ano, um novo panfleto circulou pela cidade. Dessa vez, dom Brandão não era o único alvo. O panfleto também citava bispos baianos. Portanto, visava atingir religiosos do Regional Nordeste III. Intitulava-se Clero Vermelho.

À época dos acontecimentos, o bispo de Juazeiro da Bahia, dom José Rodrigues, advogou que o panfleto fazia parte de uma campanha nacional de difamação contra a Igreja capitaneada por grupos de extrema-direita.

Segundo esse bispo, os grupos extremistas estavam incomodados com a opção pelos pobres da Igreja e temerosos com a eventual derrota nas eleições daquele ano de 1982.[31]

Porém, antes desses dois casos, uma operação com o interesse declarado de desacreditar o chamado clero progressista baiano e sergipano foi desencadeada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). Este visou, declaradamente, desacreditar religiosos avançados da Regional Nordeste III. Foi assim que, em maio de 1980, aquele órgão desencadeou a “Operação Igreja”.

A tática da operação consistia em produzir dezenas de correspondências e enviá-las às redações de jornais da Bahia e Sergipe. Elementos da Agência Salvador (ASV/SNI) escreviam cartas para serem enviadas à imprensa como se os seus verdadeiros autores fossem cidadãos indignados com a ala progressista da Igreja.

Assim, agentes da repressão criticavam religiosos se passando por pessoas comuns, procurando “tentar neutralizar, enfraquecer e desacreditar a ‘ala progressista’ das Igrejas Católica e Protestante, em especial a primeira […]”.[32]

Foram inúmeros os religiosos de dioceses baianas atacados pelas difamações da “Operação Igreja”. Em Sergipe, porém, só uma diocese passou pelo escrutínio da operação: a diocese de Propriá.

Numa das cartas, que versava sobre a presença do Diabo na Igreja, foi dito sobre o bispo de Propriá: “Haja vista o Papa do Diabo em Sergipe, mais um charlatão que prolifera enganando os incautos nordestinos”.[33]

Esse tipo de publicação ofensiva, produzida por agentes do Estado, espalhava-se por redações de jornais. Os verdadeiros autores se encobriam no anonimato. Tratava-se de uma pura e simples campanha de difamação.

Além desses casos, o clero diocesano esteve várias vezes na mira da comunidade de informações. Muitos dos seus padres e freiras fizeram parte da lista de religiosos considerados “contagiados de ideias incompatíveis com a formação nacional”.[34]

Em 1984, A Defesa denunciou uma nova ofensiva contra a diocese.[35] Falso exemplar do boletim Encontro com as Comunidades começou a circular. Ao que tudo indica, tratava-se de uma estratégia conhecida como “bandeira falsa”.

A false flag ou “operação bandeira falsa” é uma estratégia usada por grupos ou indivíduos que agem com bandeiras dos seus adversários para que recaia contra estes alguma acusação, a fim de desacreditá-los perante a sociedade.

A Diocese de Propriá não se abalou

A linha político-eclesial da diocese não se abalou diante das oposições. A instituição entrou nos anos 1980 ainda mais envolvida nas lutas sociais da região e do país.

Ao longo dos anos 1980 e 1990, a equipe missionária esteve envolvida também nos conflitos de Mundeú da Onça (Neópolis), Barra da Onça e Pedras Grandes (Poço Redondo), Ilha do Ouro (Porto da Folha), Monte Santo (Gararu), Morro do Chaves (Propriá) e de comunidades quilombolas do São Francisco.[36]

No próximo texto, falaremos de Santana dos Frades, uma das mais longas e belas histórias de envolvimento da diocese de Propriá nas lutas pela terra. Até lá!

Osnar Gomes dos Santos é doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Defendeu a tese: “Os sinais da conversão: o movimento do cristianismo da libertação na diocese de Propriá-SE (1960-1991)”. O texto na íntegra pode ser baixado aqui. Osnar possui Mestrado em História pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), onde integrou o Laboratório Interdisciplinar de Estudo das Religiões (LIER/UFAL). Possui Graduação em História pela Universidade Tiradentes (2012) e Pós-Graduação em História do Brasil pela Faculdade Pio Décimo (2014). Atualmente, é professor efetivo da Rede Pública do Estado da Bahia.


[1] Cf. OLIVEIRA, frei Roberto. Caminhando com Jesus: uma experiência missionária no Nordeste. João Pessoa: Ideia, 2006, p. 36.

[2] Ibidem.

[3] Esse editorial aparece no dossiê montado pelo Dops sobre o bispo dom Brandão. Cf. DOSSIÊ do bispo José Brandão de Castro. Aracaju, [19–]. Arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), nº P770/05. In: Acervo da Comissão Estadual da Verdade Paulo Barbosa de Araújo (CEV).

[4] O encaminhamento do delegado José Carlos Rocha também aparece no dossiê do bispo diocesano. Ibidem.

[5] Cf. OLIVEIRA, frei Roberto. Ob. Cit., 2006, p. 36.

[6] O Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade “Paulo Barbosa de Araújo” levantou informações sobre as atribuições dos órgãos que formavam o aparato repressivo da ditadura em Sergipe. Sobre o Núcleo de Agência de Aracaju (NAAR/SNI), o relatório apontou que, por ausência de documentos, não foi possível identificar as suas atribuições, nem mesmo precisar o momento da sua criação. Contudo, pontuou o seguinte: “O que se sabe é que o NAAR integra o Serviço Nacional de Informação, tendo à frente nomes como o general José Graciliano do Nascimento, e o auxiliar João Moreira da Silva”. Ademais, a documentação levantada pela comissão a permitiu afirmar que a NAAR já estava em atuação desde 1969, sendo extinta em novembro de 1974. Cf. COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE “PAULO BARBOSA DE ARAÚJO” SERGIPE. Relatório Final. Andréa Depieri de Albuquerque Reginato e Gilson Sérgio Matos Reis (organizadores). – Aracaju: Diário Oficial do Estado de Sergipe, 2020, 462f.

[7] No que tange a problemática dos vetos policiais, um compilado de documentos, organizado pelo SNI no ano de 1977, apresenta, em anexo, a carta do bispo e cópias de informes de órgãos do aparelho repressivo que versam sobre o boicote. Cf. COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE “PAULO BARBOSA DE ARAÚJO”. Doc. AC_ACE_105078_77. 1977, 91f.

[8] Ibidem.

[9] Cf. “Para a gente pensar”. In: Encontro com as Comunidades, maio de 1980, p. 3.

[10] Ibidem, p. 4.

[11] O documento confidencial está inserido no dossiê de dom Brandão organizado pelo Dops. Cf. DOSSIÊ de dom José Brandão de Castro. Aracaju, [19–]. Arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), nº P770/05. In: Acervo da Comissão Estadual da Verdade Paulo Barbosa de Araújo (CEV).

[12] Ibidem. Segundo o documento, Remy Michel Gauvin era natural da França. Exercia atividade de técnico agrícola e era membro do Serviço de Colaboração Apostólica Internacional. Por sua vez, Delba era natural de Canhoba. Uma trabalhadora rural ligada às comunidades eclesiais de base. Remy e Delba eram casados.

[13] Cf. “Padre, no interior, é acusado de comunista”. In: Jornal da Cidade, 18 de julho de 1980; “Ouvindo os dois lados”. In: Jornal da Cidade, 18 de julho de 1980. 

[14] Cf. DEPOIMENTO da Irmã Francisca para a Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. 1 vídeo (57min02seg). Publicado pelo canal Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=2FHhVv24IAA>. Acesso em 27 de janeiro de 2022. A entrevista foi realizada no dia 05 de setembro de 2017. Publicada no canal no dia 29 de outubro de 2018.

[15] Cf. AUDIÊNCIA Pública na cidade de Propriá – Parte da Tarde. 1 vídeo (1hora, 47min51seg). Publicado pelo canal Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=1pIskPoL8dI>. Acesso em 27 de janeiro de 2022. A entrevista foi realizada no dia 20 de setembro de 2017. Publicada no canal no dia 29 de outubro de 2018.

[16] Uma dessas pessoas era o senhor Wilson, cobrador de ônibus ligado ao grupo paroquial. Cf. “Violência, agressão e invasão contra a Igreja em Ilha das Flores”. In: Encontro com as Comunidades, junho e julho de 1980, p. 10.

[17] Ibidem, p. 10-11.

[18] Essa expressão foi primeiramente cunhada pelo arcebispo de Aracaju, dom Luciano Cabral Duarte, numa das entrevistas que foi publicada pela longa matéria do Jornal do Brasil sobre os acirramentos entre diocese de Propriá e autoridades políticas. Cf. “Arcebispo lamenta a ‘guerra da fechadura’”. In: Jornal do Brasil, 17 de agosto de 1980, p. 23.

[19] Cf. “Violência, agressão e invasão contra a Igreja em Ilha das Flores”. In: Encontro com as Comunidades, junho e julho de 1980, p. 11.

[20] Documento assinado por Jaime Simões, diretor do Serviço Estadual de Informações e da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SEI/SSP/SE). Cf. DOSSIÊ de dom José Brandão de Castro. Aracaju, [19–]. Arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), nº P770/05. In: Acervo da Comissão Estadual da Verdade Paulo Barbosa de Araújo (CEV).

[21] Em outros episódios, a diocese teve de ligar com a mesma situação: jagunços circulando, montados a cavalo e com armas nas mãos, intimidando e à espreita.

[22] Cf. AUDIÊNCIA Pública na cidade de Propriá – Parte da Tarde. […]. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=1pIskPoL8dI>. Acesso em 27 de janeiro de 2022 […].

[23] Cf. NASCIMENTO FILHO, Isaías. Ob. Cit., 2017, p. 151.

[24] Cf. MELO, frei Enoque. Relatório da Última Visita no Serrão e no Betume, 11 a 13 de abril de 1980, 3f.

[25] Cf. “Esclarecimentos que se fazem necessários”. In: Encontro com as Comunidades, junho e julho de 1980, p. 11-12.

[26] Cf. MELO, frei Enoque. Relatório da Última Visita no Serrão e no Betume, 11 a 13 de abril de 1980, 3f.

[27] Cf. DEPOIMENTO da Irmã Francisca para a Comissão Estadual da Verdade de Sergipe […]. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=2FHhVv24IAA>. Acesso em 27 de janeiro de 2022 […].

[28] Cf. “Católicos condenam agressão a Dom José”. In: Jornal de Sergipe, 09 de novembro de 1982, p. 1.

[29] Cf. “Apoio a Dom José”. In: A Defesa, dezembro de 1982, p. 3.

[30] Cf. DEPOIMENTO de Hildebrando Maia para a Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. 1 vídeo (1hora, 06min23seg). Publicado pelo canal Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VyxAXgKdTHc>. Acesso em 21 de fevereiro de 2022. A entrevista foi realizada no dia 18 de setembro de 2018. Publicada no canal no dia 29 de outubro de 2018.

[31] Cf. “Clero Vermelho”. In: A Defesa, outubro de 1982, p. 3.

[32] Um dos relatórios sigilosos da “Operação Igreja” comentou que tal operação foi desencadeada pela Agência Salvador ainda em maio de 1980, e o primeiro relatório saiu em 05 de agosto do mesmo ano. Conferir os documentos: ARQUIVO NACIONAL. Doc. nº br_dfanbsb_v8_mic_gnc_aaa_80011765_d0001de0001. – 1980; 1980, 99f; ARQUIVO NACIONAL. Doc. nº. br_dfanbsb_v8_mic_gnc_aaa_81012916_d0001de0001. – 1981; 1981, 69f.

[33] Ibidem, p. 6.

[34] Cf. COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE “PAULO BARBOSA DE ARAÚJO”. Doc. br_dfanbsb_v8_m.ic_gnc_ppp_82003907_d0001de0001, 57f.   

[35] Cf. “Edição Falsa”. In: A Defesa, abril de 1984, p. 2.

[36] Cf. BONJARDIM, M; ALMEIDA, M. Tradição e Luta pela terra: a Diocese de Propriá e o fortalecimento da identidade católica. Revista GEONORDESTE, São Cristóvão, n. 1, p. 162-179, 2013.

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