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“Vamos implantar seis subprefeituras”, diz Delegada Danielle (MDB), candidata à Prefeitura de Aracaju

A Mangue Jornalismo vai entrevistar todas(os) as(os) candidatas(os) à Prefeitura de Aracaju. Para garantir a isenção, as perguntas são rigorosamente iguais para todas(os) elas(es). As respostas devem ter o mesmo tamanho (até 15 linhas em espaço simples, fonte Arial e tamanho 11).

A quinta entrevista da série sobre as Eleições 2024 com candidatos à Prefeitura de Aracaju é com a Delegada Danielle, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). O candidato a vice-prefeito em sua chapa é o servidor público municipal Professor Ayslan (MDB).

Danielle Garcia Alves tem 47 anos e nasceu em Aracaju. Ela é formada em Direito e é delegada na Polícia Civil em Sergipe. Na última eleição municipal chegou ao segundo turno disputando a prefeitura da capital com Edvaldo Nogueira, candidato à reeleição. Danielle é uma das idealizadoras da Delegacia de Crimes Contra Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap) e recentemente estava no cargo de secretária de Políticas para as Mulheres no Governo Mitidieri. Os bens declarados pela candidata ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) perfazem o valor de R$ 700.000,00.

O Plano de Governo apresentado pela Delegada Danielle tem 17 páginas e que apresentam quatro eixos de propostas resumidas: 1) Gestão digital, transversal e participativa; 2) Aracaju inteligente, acessível, humanizada e resiliente; 3) Aracaju inclusiva e solidária; 4) Aracaju criativa, empreendedora e produtiva.

Acesse o plano da candidata no site do TRE/SE

A cobertura das eleições está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, a Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).

Delegada Danielle (MDB), candidata à Prefeitura de Aracaju (Foto: Divulgação).

Mangue Jornalismo (MJ) – Qual a avaliação geral da gestão da Prefeitura de Aracaju que se encerra em dezembro?

Delegada Danielle (DD) – É uma gestão que tem seus acertos, mas que, pelo que ouvimos da população durante nossas caminhadas pelos bairros da capital, não conseguiu resolver diversos problemas. A gente escutou bastante reclamações na saúde, que vão desde a falta de medicamentos à dificuldade para marcação de consultas especializadas e exames mais específicos. Outro ponto é a necessidade de vagas em creches, para que as mães e os pais possam deixar seus filhos em segurança e de forma gratuita para que eles possam trabalhar. Cito ainda a questão do transporte público, que segue com diversos problemas, como a qualidade e quantidade de ônibus, que não garante um transporte digno para os usuários, mesmo pagando uma tarifa cara. Eu seria injusta se não reconhecesse que ocorreram avanços, mas ainda há muito a ser feito para garantir mais qualidade de vida para a população. Não podemos ter duas realidades em Aracaju, a da Zona Sul e a da Zona Norte. É preciso que todos tenham acesso a serviços públicos de qualidade. Apresentamos uma série de compromissos que firmamos com a população. Junto com os aracajuanos e as aracajuanas vamos promover a mudança que a nossa cidade espera e merece.

MJ – Nos últimos anos, a gestão municipal de Aracaju foi muito agressiva contra o meio ambiente, destruir árvores, aterrou mangues e permitiu o avanço de construtoras sobre a antiga Zona de Expansão, local de adensamento restrito e de áreas de proteção ambiental. Além disso, Aracaju é uma das poucas capitais que nem têm um plano de enfrentamento à crise climática. Aracaju só tem 4% das áreas ambientais protegidas. Quais suas propostas para o meio ambiente na cidade?

DG – Primeiro que não vamos olhar apenas para a conservação ambiental. A cidade precisa ser sustentável. Vivemos numa cidade litorânea e cortada por 03 rios, temos uma biodiversidade rica e uma área grande de manguezais que tem alto potencial de absorção de carbono. Vamos implementar o Sustentaju, um programa de sustentabilidade para a cidade que, de forma transversal e integrada terá ações nas diversas secretarias. Por meio dele vamos promover o fomento às hortas urbanas; o IPTU Verde; a eficiência energética em prédios públicos; política menos papel na administração pública; educação ambiental e climática nas escolas. Implementar o Reciclaju, promover a recuperação dos vales dos rios e córregos, criar o Centro de Conservação, Pesquisa e Vivências dos Manguezais e o Parque de Experiências das Mangabeiras. Também vamos criar um novo Parque da Cidade na Zona de Expansão. E para coibir os crimes ambientais, será implementado um grupamento da Guarda Municipal especializado na área ambiental para atuar na proteção da biodiversidade e monitoramento das áreas de turismo e esporte em ecossistemas fechados. Estaremos também estimulando a economia verde e a transição energética.

MJ – Aracaju tem uma frota de ônibus pequena e caindo aos pedaços. Foi realizada uma polêmica licitação e tudo vai continuar como antes, mas com aumento da tarifa. Quais suas propostas para o transporte urbano e a mobilidade em geral?

DG – Como eu disse no início da entrevista, essa é uma das reclamações mais constantes que escuto da população durante as visitas aos bairros. A licitação do transporte público acabou de ser realizada, mas já foi suspensa. Estaremos acompanhando, mas com o compromisso de resolver e implementar a partir de 2025. A licitação é essencial para que este cenário comece a mudar. A liderança do consórcio intermunicipal é do município de Aracaju, que deve dar o exemplo investindo no transporte público ao garantir o subsídio necessário para o seu melhor funcionamento. E esse subsídio também deve servir para evitar o aumento da tarifa, que atualmente já é alta e, infelizmente, já se prevê um novo reajuste. Em nosso Plano de Governo apresentamos algumas ações complementares que serão implantadas. Uma delas é o ‘Rolê 3’, um bilhete único que permitirá ao usuário realizar uma segunda viagem no intervalo de três horas sem precisar passar pelo terminal de integração. Já com o ‘Domingo é Meia’ todos os passageiros terão direito à meia passagem aos domingos. A nossa gestão vai ser rigorosa na fiscalização do transporte público para que ele tenha qualidade e seja eficiente e seguro.

MJ – A capital de Sergipe tem um dos piores índices em transparência pública, segundo pesquisa nacional da Universidade de São Paulo. Quais seus compromissos com a transparência dos atos públicos?

DG – A transparência e a integridade andam juntas e na nossa gestão serão acompanhadas da participação da população. Vamos ter o Hub Cidadão onde estimularemos startups a desenvolver ferramentas para a transparência e controle social nos moldes do Laboratório Hacker da Câmara de Deputados. Vamos entregar para a população um novo portal da transparência, com uma linguagem simples e acessibilidade. Além disso teremos o PrefDigital, um aplicativo com todos os serviços digitais da Prefeitura e também informações por exemplo sobre filas de atendimento com alertas diários da sua posição na fila. A nossa gestão não vai apenas disponibilizar os dados e as ferramentas, mas vai ensinar a população a usar.

MJ – Há uma reclamação generalizada dos artistas locais sobre a cultura. Falta de transparência, participação, cachês ridículos, favorecimentos políticos. A gestão da Cultura no Município parece ser um caso. Quais suas propostas para alterar esse quadro?

DG – A situação da cultura é de fato extremamente delicada. Não se trata apenas dos cachês dos artistas, mas também o descaso com nosso patrimônio histórico, a falta de incentivo para as diversas formas de expressão artística. Na Secretaria de Cultura e Economia Criativa vamos trabalhar a preservação e divulgação da nossa cultura mas também vamos criar ações para que nossos artistas e para quem empreende na economia criativa possa crescer. No bairro Industrial vamos ter uma zona para quem trabalha com criatividade com espaços para produzir, mas também para expor suas artes. Vamos ter incentivo para feirinhas de artesanato com apresentações culturais nos bairros. No centro da cidade, além da restauração dos casarões, vamos dar uma nova vida ao nosso Centro Cultural.Vamos ter um programa municipal de incentivo à cultura, algumas praças vão ganhar espaços para apresentação e vamos valorizar nossos artistas e não é só no momento das Festas Juninas. É o ano todo. Na moda, na gastronomia, na fotografia e para os mais jovens, vamos investir no mercado de games também.

MJ – Antes conhecida como “capital de qualidade de vida”, Aracaju avança numa situação de dezenas de pessoas em condição de rua. Homens, mulheres, crianças e idosos abandonados pelo poder público municipal. Como será enfrentada a questão em seu governo?

DG– Essa é uma situação muito grave e que precisa ser enfrentada com coragem e determinação. Vamos ter o Programa Família em Foco. Através deste Programa, a Prefeitura vai desenvolver ações voltadas para o fortalecimento de suas unidades familiares, criando condições para o seu autodesenvolvimento e sua inserção socioeconômica. Atenção especial será prestada à presença e participação das mulheres, seja na condição de chefe de família ou não, entendendo que, em qualquer situação, elas têm papel de destaque e relevância na estruturação socioeconômica da unidade familiar, devendo por isso serem priorizadas no atendimento social, na capacitação e no empreendedorismo. A partir da análise do CAD Único, será feito o diagnóstico das famílias. A atuação da Prefeitura se dará, na ponta, através da ação conjunta de suas diversas unidades operacionais: CRAS + Unidade de Saúde da Família + Creches + Escola de Ensino Fundamental + Qualificação Profissional + Morar Melhor.Para atender às necessidades de cada pessoa – e da família – serão disponibilizados serviços que os beneficiarão direta e indiretamente.

MJ – Na cidade também existe uma reclamação generalizada das pessoas que precisam do serviço de saúde: faltam remédios básicos, não se consegue fazer exames simples e muito menos há atendimento de especialistas. Quais suas propostas para saúde em Aracaju?

DG – Eu tenho caminhado por todos os bairros, ouvindo a população aracajuana e os problemas da saúde são assuntos que se repetem em todas as regiões. Sendo o SUS um sistema regionalizado e hierarquizado, o campo de atuação do Município é fundamentalmente o cuidado imediato com a população, a atenção primária, sintetizada no Programa de Saúde da Família. Toda a rede de atenção será organizada tendo como base as linhas de cuidados materno infantil, doenças crônicas e a violência aos grupos vulneráveis, com reflexos positivos na média e alta complexidade, pela redução da proporção de internações por condições sensíveis à Atenção Primária. Com o aplicativo PrefsDigital será possível agendar e realizar tele consultas e telemedicina. Com esta ação reduziremos as filas e a população receberá com agilidade o encaminhamento das suas necessidades. Outra iniciativa será a “Upinha”, unidade de saúde exclusivamente dedicada ao atendimento infantil para garantir atendimento especializado, ambientes acolhedores e sem longas esperas. Teremos ainda unidades especializadas para o atendimento da população LGBTQIA+ e para neuroatípicos, como autistas.

MJ – Na educação a cidade também não vai nada bem. São mais de 2,8 crianças da educação infantil fora da escola porque não há vagas. Além disso, os professores até hoje pedem que seja cumprida a lei do piso salarial. Como pretendente enfrentar os graves problemas da educação no município?

DG – Temos o compromisso em adotar mudanças conceituais sobre como administrar uma cidade, ampliando e garantindo a participação e o acesso da população aos seus direitos fundamentais, como à educação pública. A nossa gestão vai trabalhar para oferecer educação de qualidade para todos e todas, valorizando os profissionais da educação, zerando a fila das creches, garantindo a alfabetização na idade certa, promovendo a educação inclusiva de forma plena e eficaz, ampliando a educação integral e implantando a educação para empreender e inovar. Para isso, propomos a criação de um Centro de Formação para Educadores e Gestores da educação, um Centro de Apoio para a Educação Inclusiva e um Núcleo de Atendimento Educacional Especializado, além da implantação de Complexos Educacionais unindo escolas e creches. Como suporte, teremos ainda a Bibliotech e o Programa Casas de Mãe.

MJ – O Centro de Aracaju está abandonado. O patrimônio público esquecido e destruído, inclusive a sede da própria prefeitura. Existem ruas desertas e quase fantasmas. Quais suas propostas para o Centro?

DG. O centro de Aracaju é o coração pulsante da nossa história, da nossa economia e da nossa cultura. Vamos juntos revitalizar esse espaço tão importante, mantendo viva a tradição e construindo um futuro melhor para todos. Para a revitalização do Centro da cidade, a primeira ação será o retorno do gabinete da Prefeitura para o Centro. Vou liderar pelo exemplo. A gestão volta, com seus servidores, repovoando o Centro. Em paralelo vamos construir novos calçadões e calçadas mais largas nas ruas principais, reformar e modernizar os casarões históricos, como o da ‘A Fonseca’, ‘Casa de Zé Peixe’, ‘Igreja do São Salvador’ e o ‘Edifício Danusa’, além da reforma e modernização dos Mercados. Para preservar a história, temos propostas de transformação da Estação Ferroviária em um Terminal de Referência, um programa de habitação para servidores públicos municipais com incentivo para moradia no Centro e a modernização do Centro Cultural de Aracaju transformando-o em um núcleo de exposição e pesquisa. Nós iremos revitalizar a região central de Aracaju e valorizar nosso patrimônio histórico.

MJ – Sendo eleita, quais os primeiros atos de sua gestão?

DG Implantar as subprefeituras. Vamos aproximar a gestão das pessoas. Teremos seis subprefeituras na cidade, com todos os serviços próximos dos aracajuanos e das aracajuanas. O orçamento também será descentralizado e com um processo participativo de planejamento. Todos os serviços de zeladoria também serão feitos de acordo com essa divisão da cidade aumentando a agilidade e eficiência das entregas. Faremos nos primeiros 100 dias uma série de ações de manutenção e revitalização na cidade além de um profundo diagnóstico da realidade e análise de todos os contratos vigentes.

TRANSPARÊNCIA 1: Cada pergunta poderia ser respondida em até 15 linhas e as(os) candidatas(os) foram informadas(os) de que, se o tamanho da resposta ultrapassasse o limite determinado, haveria edição. Nesta entrevista, a repórter fez os ajustes necessários, mas manteve as ideias centrais da candidata em cada resposta.

TRANSPARÊNCIA 2: A cobertura das eleições em 2024 está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).

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