A Mangue Jornalismo vai entrevistar todas(os) as(os) candidatas(os) à Prefeitura de Aracaju. Para garantir a isenção, as perguntas são rigorosamente iguais para todas(os) elas(es). As respostas devem ter o mesmo tamanho (até 15 linhas em espaço simples, fonte Arial e tamanho 11).
A sexta entrevistada da série sobre as Eleições 2024 com candidatas(os) à Prefeitura de Aracaju é Candisse Carvalho, do Partido dos Trabalhadores (PT). A candidata a vice-prefeita na chapa é a também petista Professora Rosângela, que foi vereadora em duas legislaturas e ex-secretária municipal de Educação.
Candisse Matos Correia Carvalho Santos é aracajuana, tem 43 anos, é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e mestranda em gestão e política pública. Como jornalista, tornou-se conhecida do público pela sua atuação por mais de 15 anos na TV Sergipe. Ela é esposa do senador Rogério Carvalho (PT). A candidata declarou ao Tribunal Regional Eleitoral em Sergipe (TER/SE) não possuir nenhum bem.
O plano de governo de Candisse Carvalho, denominado “Aracaju na Medida Certa”, possui 78 páginas e 23 eixos, definidos como “frentes de atuação”. Lá tem, por exemplo, o “Tarifa Zero e Transporte Público de Qualidade, Direito dos Animais, Meio Ambiente e Transição Ecológica, Política de Cuidados, da Infância ao Envelhecimento, Segurança Pública e a Medida Certa”, entre outros. Veja a íntegra do plano de governo no site do TRE/SE.
A cobertura das eleições está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, a Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).
Mangue Jornalismo (MJ) – Qual a avaliação geral da gestão da Prefeitura de Aracaju que se encerra em dezembro?
Candisse Carvalho (CC) Como cidadã de Aracaju e moradora da nossa cidade, afirmo que Edvaldo está encerrando um ciclo à frente da prefeitura. Como próxima prefeita de Aracaju, reconheço que, apesar dos desafios, há muito a ser feito e não estamos em um paraíso. Não há soluções mágicas para todos os problemas da nossa capital, mas é possível fazer uma gestão eficaz que transforme nossa cidade em um exemplo no combate à fome, na oferta de trabalho decente, na qualidade da saúde e na excelência da educação. Vamos assegurar moradia para os que mais precisam, como também energia elétrica, fortalecer o comércio e impulsionar o turismo. Aracaju vai se destacar como a primeira capital brasileira a oferecer transporte gratuito e nossa população vai se sentir orgulhosa de sua cidade, vivendo com dignidade. Nosso trabalho será pautado pelo amor, seriedade e compromisso, construindo o futuro junto com o povo e olhando nos olhos de cada cidadão.
MJ- Nos últimos anos, a gestão municipal de Aracaju foi muito agressiva contra o meio ambiente: destruiu árvores, aterrou mangues e permitiu o avanço de construtoras sobre a antiga Zona de Expansão, local de adensamento restrito e de áreas de proteção ambiental. Além disso, Aracaju é uma das poucas capitais que nem têm um plano de enfrentamento à crise climática – só tem 4% das áreas ambientais protegidas. Quais suas propostas para o meio ambiente na cidade?
CC – Já passou da hora de revisarmos nosso Plano Diretor de forma consistente. Com a reorganização da cidade, identificaremos áreas para instalar fazendas de energia solar, especialmente nas periferias, reduzindo os custos de iluminação pública, promovendo a transição energética e garantindo energia gratuita para famílias de baixa renda. Implementarem os corredores verdes e jardins verticais, inspirados em Medellín, para combater o calor, melhorar a qualidade do ar e “verdificar” Aracaju. Nossos parques serão transformados em pulmões verdes, cultivando árvores e plantas, inclusive frutíferas, ajudando a combater a fome ao fornecer alimentos à população. Incentivaremos empresas a participar deste projeto verde e, para enfrentar as inundações, aumentaremos a permeabilidade do solo, adotando soluções ecológicas como jardins de chuva, pavimentos permeáveis e evitando o aterramento de lagoas e mangues. Substituiremos a frota de ônibus por veículos a biocombustíveis ou elétricos com Tarifa Zero. Respeitaremos a lei municipal e nos opomos à privatização da Deso, mantendo a água pública. Essas ações estão no nosso Plano Municipal de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas.
MJ – Aracaju tem uma frota de ônibus pequena e caindo aos pedaços. Foi realizada uma polêmica licitação e tudo vai continuar como antes, mas com aumento da tarifa. Quais suas propostas para o transporte urbano e a mobilidade em geral?
CC – Aracaju será a primeira capital do Brasil a oferecer transporte público gratuito para toda a população. A Tarifa Zero busca eliminar os problemas causados pelo sucateamento do transporte coletivo, garantindo segurança e fluidez no transporte dos moradores. Esse modelo, adotado por mais de 100 cidades brasileiras, é viável para Aracaju. Para implementá-lo, criaremos um fundo de financiamento com diversas fontes de receita, como repasses estaduais e federais, vale-transporte, receitas de estacionamentos rotativos, multas de trânsito e publicidade. Estudos mostram que o custo da Tarifa Zero é menos de 2% do orçamento municipal, valor compensado pela economia gerada na melhoria do sistema. Além disso, o custo do transporte representa cerca de 13,65% do orçamento de um trabalhador, e com a Tarifa Zero, esse valor poderá ser destinado a outras despesas, aumentando o poder de compra dos cidadãos. Também é urgente implementar o programa Semáforo Inteligente, iniciado em 2019, para modernizar os semáforos e reduzir congestionamentos em 30%. Além disso, reestruturaremos as ciclovias e adaptaremos a mobilidade da cidade às novas necessidades.
MJ – A capital de Sergipe tem um dos piores índices em transparência pública, segundo pesquisa nacional da Universidade de São Paulo. Quais seus compromissos com a transparência dos atos públicos?
CC – A transparência pública é uma prioridade inegociável para nossa administração. O Portal da Transparência, implementado durante os governos do PT, continuará a ser um pilar da nossa gestão. A Lei de Acesso à Informação, criada por Dilma Rousseff, garante o acesso dos cidadãos às informações públicas, e estamos comprometidos com sua aplicabilidade. Priorizamos a inclusão digital e a comunicação democrática, garantindo que a população tenha acesso fácil e direto aos serviços e informações via tecnologia. Isso não só melhora a comunicação, mas também facilita a participação cidadã e o monitoramento das ações governamentais. Fiscalizaremos rigorosamente os contratos e, para garantir efetividade, realizaremos concursos para fortalecer a Procuradoria Municipal e a Controladoria. Essas instituições assegurarão que os atos e contratos sejam executados conforme a lei e em benefício da população. O Orçamento Participativo será nosso principal instrumento de prestação de contas, permitindo que a população participe ativamente na alocação de recursos e definição de prioridades orçamentárias. Nosso compromisso é não apenas garantir a transparência, mas também engajar a população em todas as etapas do processo, convidando todos a colaborar para uma Aracaju mais transparente e participativa.
MJ – Há uma reclamação generalizada dos artistas locais sobre a cultura. Falta de transparência, participação, cachês ridículos, favorecimentos políticos. A gestão da Cultura no Município parece ser um caso. Quais suas propostas para alterar esse quadro?
CC – Nossa gestão está comprometida com a valorização da cultura em Aracaju, seguindo a tradição dos governos petistas de usar a cultura para a transformação social. Criamos eventos como o ForroCaju e o Projeto Verão, que promovem nossos artistas, oferecem lazer à população e atraem turistas, mas reconhecemos que esses eventos têm sido criticados pela falta de atenção aos problemas da cidade e às desigualdades sociais. Queremos transformar a Funcaju em um espaço de reconhecimento para os fazedores de cultura e ocupar espaços públicos com arte local, levando a cultura aos bairros. Vamos reorganizar o Conselho Municipal de Cultura e implementar nosso plano municipal, alinhado com as políticas nacionais e o governo Lula, garantindo investimentos e aplicando a lei que exige 30% de artistas locais em eventos. Também abriremos mais editais para agentes culturais, assegurando transparência e cachês justos. Nosso objetivo é promover uma revolução cultural em Aracaju, engajando a população e celebrando nossa identidade. Convidamos todos a se unirem a nós na valorização da cultura aracajuana.
MJ – Antes conhecida como “capital de qualidade de vida”, Aracaju avança numa situação de dezenas de pessoas em condição de rua. Homens, mulheres, crianças e idosos abandonados pelo poder público municipal. Como será enfrentada a questão em seu governo?
CC – A denominação de “cidade da qualidade de vida” foi conquistada durante a administração de Marcelo Déda, do PT, quando Aracaju foi reconhecida em 2005 pela Fundação Getúlio Vargas como a capital nordestina com a melhor qualidade de vida. Hoje, mais de 20 anos depois, enfrentamos a triste realidade de muitos moradores em situação de rua, sem um censo oficial que informe o número exato dessas pessoas, dificultando políticas públicas eficazes. O Centro Pop, com estrutura precária e denúncias de comida estragada, oferece pouca assistência. Para resolver isso, faremos uma busca ativa para identificar essas pessoas e incluí-las no programa Bolsa Família e, se necessário, no programa municipal de renda básica. Reforçaremos o Centro Pop, os CRAS e CREAS com mais profissionais e atendimento humanizado. Implementaremos cozinhas solidárias com o projeto “Aracaju Sem Fome” e faremos blitz de saúde para vacinação e prevenção. Criaremos um cadastro para o programa de Moradia Popular, usando prédios públicos desativados, e restabeleceremos o “Minha Casa, Minha Vida”. Em 2024, o governo Lula entregará 1.256 moradias em Aracaju, melhorando a vida de famílias vulneráveis. Nosso compromisso é garantir uma vida digna para todos, especialmente os mais vulneráveis.
MJ – Na cidade também existe uma reclamação generalizada das pessoas que precisam do serviço de saúde: faltam remédios básicos, não se consegue fazer exames simples e muito menos há atendimento de especialistas. Quais suas propostas para saúde em Aracaju?
CC – Recentemente, denunciei a situação crítica da saúde em Aracaju. Quase 300 mulheres aguardam por cirurgias de endometriose, suspensas desde junho de 2023, apesar dos recursos disponíveis do governo Lula. Estudos recentes colocam Aracaju na 337ª posição entre 404 cidades no ranking nacional de qualidade da saúde, segundo o Centro Brasileiro de Liderança Pública e a Tendências Consultoria. A saúde era uma prioridade na gestão do PT, quando Rogério Carvalho e Marcelo Déda implementaram o SAMU, que se tornou referência nacional. Nosso plano de governo inclui o eixo “Saúde Todo Dia”, focando na humanização dos serviços, agilidade na marcação de exames e consultas, e ampliação das equipes de saúde da família com a criação de pelo menos 40 novas equipes. Construiremos 10 novas unidades básicas de saúde, 3 UPAs e melhoraremos os atendimentos odontológicos e psiquiátricos. Garantiremos manutenção regular dos equipamentos, aquisição de insumos de qualidade, realização de concurso público para profissionais de saúde, pagamento do piso dos agentes comunitários e cumprimento da lei nos postos de trabalho. Vamos restaurar Aracaju como referência em atendimento humanizado e de qualidade, eliminando as filas de espera e garantindo transparência nos serviços de saúde.
MJ – Na educação a cidade também não vai nada bem. São mais de 2,8 crianças da educação infantil fora da escola porque não há vagas. Além disso, os professores até hoje pedem que seja cumprida a lei do piso salarial. Como pretende enfrentar os graves problemas da educação no município?
CC – Para enfrentar os problemas da educação em nosso município, garantiremos que nenhuma criança fique fora da escola. Nos primeiros 180 dias de gestão, resolveremos a falta de vagas nas creches e realizaremos uma busca ativa para assegurar a matrícula de todas as crianças no ensino fundamental. Manteremos as escolas bem conservadas, equipadas com tecnologia moderna e acesso à internet para os alunos em casa. Vamos valorizar os professores, garantindo o cumprimento do piso salarial e promovendo qualificação contínua. Expandiremos o número de escolas em tempo integral, implementaremos programas de reforço escolar e ofereceremos suporte com psicopedagogos, psicólogos e assistentes sociais. Elaboraremos um plano municipal de educação para os próximos dez anos, envolvendo a comunidade escolar para criar políticas eficazes e adaptadas às necessidades locais. Promoveremos um ambiente inclusivo e antidiscriminatório, valorizando a diversidade e a história local e combatendo o preconceito. Além disso, implementaremos o programa Pé de Meia para apoiar jovens em situação de extrema pobreza, mantendo-os na escola e reduzindo a evasão escolar.
MJ – O Centro de Aracaju está abandonado. O patrimônio público esquecido e destruído, inclusive a sede da própria prefeitura. Existem ruas desertas e quase fantasmas. Quais suas propostas para o Centro?
CC – O Centro de Aracaju é o coração da nossa economia, movimentando servidores públicos, comércio, serviços e turismo, que ainda precisa ser melhor explorado. Para revitalizá-lo, propomos uma reestruturação abrangente. Revisaremos o IPTU local e renegociaremos as dívidas de empresas e comerciantes. A implantação da Tarifa Zero facilitará o acesso, estimulando a economia ao redirecionar recursos do transporte para o consumo e aumentando o fluxo turístico. Faremos um diagnóstico do patrimônio público, reformando prédios e reestruturando espaços desativados para moradia popular. Estabeleceremos parcerias com comerciantes para melhorar a infraestrutura urbana e ofereceremos incentivos fiscais e linhas de crédito. Implantaremos o “Camelo Legal” para concentrar comerciantes em pontos autorizados. Revitalizaremos praças, devolveremos bibliotecas móveis, melhoraremos galerias de arte e incentivaremos a economia criativa com feiras permanentes. No Mercado de Aracaju, reestruturaremos áreas-chave e fomentaremos o turismo, incluindo a Passarela das Flores e circuitos gastronômicos. Transformaremos o Calçadão até a Ivo do Prado em centros culturais, de lazer e serviços públicos.
MJ: Sendo eleita, quais serão os primeiros atos de sua gestão?
CC – Como próximas prefeitas de Aracaju, eu e a professora Rosângela anunciamos a implantação da Tarifa Zero, garantindo transporte público gratuito em toda a cidade. Essa medida melhorará a mobilidade urbana, facilitará o acesso aos serviços e impulsionará a economia local. Comprometemo-nos a revisar o Plano Diretor e a promover a iniciativa Saúde Todo Dia, que incluirá 10 novos postos de saúde, 40 equipes de saúde da família, 3 unidades de pronto atendimento e suporte odontológico e psiquiátrico, com um atendimento humanizado e ágil, seguindo o exemplo de gestões anteriores. Na educação, vamos zerar a fila de vagas nos primeiros 180 dias, assegurar que os alunos estejam nas séries corretas, expandir o número de creches e escolas, e valorizar os profissionais com o pagamento do piso salarial. Restabeleceremos o programa Minha Casa, Minha Vida em Aracaju, alinhados com o governo do presidente Lula. Além disso, ofereceremos energia elétrica gratuita para as famílias mais necessitadas e promoveremos a produção de energia solar para reduzir a dependência do gás de cozinha. Todo esse planejamento será discutido e estruturado no Orçamento Participativo, garantindo a participação cidadã nas decisões da gestão.
TRANSPARÊNCIA 1: Cada pergunta poderia ser respondida em até 15 linhas e as(os) candidatas(os) foram informadas(os) de que, se o tamanho da resposta ultrapassasse o limite determinado, haveria edição. Nesta entrevista, o repórter fez os ajustes necessários, mas manteve as ideias centrais da candidata em cada resposta.
TRANSPARÊNCIA 2: A cobertura das eleições em 2024 está sendo realizada pelo consórcio formado pela Mangue Jornalismo, Ladata (Liga acadêmica de ciência de dados da UFS) e o Observa! (Observatório de Fake News do Centro de Excelência Atheneu Sergipense).