
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta sobre a baixa procura por vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para o grupo de crianças de 10 aos 14 anos. Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foi aplicada. Em Sergipe, sobram doses nos postos porque só foram utilizadas 69,06% das 30.352 doses recebidas até o momento. A informação é da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Conforme determinação do Ministério da Saúde, apenas os municípios de Aracaju, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Laranjeiras, Itaporanga d’Ajuda, Riachuelo, Santa Rosa de Lima e Divina Pastora receberam as doses da Qdenga. A SES está preocupada com a baixa procura e vai reforçar a campanha junto aos pais das crianças. “A secretaria está alinhando com os oito municípios estratégias de vacinação e a realização de um dia D para a vacina da dengue”, informou o governo.
Em Aracaju, as 45 Unidades de Saúde da Família (USFs) do município oferecem imunização, de segunda a sexta-feira. Nas unidades, as vacinas disponíveis são: contra a Covid-19, Dengue, Influenza, BCG, HPV, Pneumocócica 10 e 23, Meningocócica C, Febre Amarela, VIP (vacina inativada e vacina oral poliomielite), Hepatite B, Penta (vacina adsorvida difteria, tétano, Hepatite B-recombinante, Haemophilus influenzae b – conjugada e pertussis), Rotavírus, Hepatite A, Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), Tetraviral, Dupla adulto (difteria e tétano).
“A vacina é quadrivalente e protege contra os sorotipos virais que estão circulando no país. É administrada em duas doses, sendo que a segunda dose deve ser tomada em um intervalo de três meses após a primeira. A vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue circulante no nosso território e estamos realizando um trabalho de conscientização sobre a importância da vacinação”, esclareceu a SES.
No ano passado, Sergipe registrou oficialmente 2.067 casos prováveis de dengue e sete óbitos foram confirmados. Este ano já são 274 casos. O Brasil, em 2024, teve registro recorde de dengue: 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes. Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde.
“A orientação é que os responsáveis vacinem as suas crianças, lembrando que a vacinação contra a dengue reduz o risco de infecção sintomática, hospitalizações e da morbimortalidade pela doença e chega como importante aliado no combate ao vírus em países de alta prevalência de dengue”, alertou o setor de imunização da SES.
A vacina contra a dengue, Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no país em fevereiro de 2024.
Por causa da capacidade limitada do fabricante, a quantidade de doses adquiridas pelo governo brasileiro precisou ser restrita ao público-alvo de crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.
A presidente da SBIm, Mônica Levi, destaca que o Brasil foi o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. No entanto, lamenta o que classifica como “baixa procura”. Ela ressalta que a Qdenga é um imunizante seguro e eficaz.
“Qualquer vacina para ser aprovada e licenciada no país passa por uma série de critérios de aprovação, e essa vacina Qdenga, do laboratório Takeda, foi aprovada no Brasil, na Europa, na Argentina, em vários da Ásia, em vários países do mundo”, afirmou Mônica Levi à Agência Brasil. Ela reforça o benefício de completar o ciclo de duas aplicações. “A segunda dose é responsável, principalmente, pela proteção de mais longa duração, de pelo menos mais quatro anos e meio”, explica a presidente da SBIm. Quem perdeu o prazo de 90 dias pode tomar a dose adicional normalmente.

Prevenção e monitoramento
O alerta da sociedade médica acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento de preocupação crescente por causa da detecção do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue. Esse tipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível ao DENV-3.
“O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas”, informou o Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com a pasta, a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros sorotipos de dengue pode levar a um cenário de “epidemias significativas”. O aumento da incidência de dengue registrado entre 2000 e 2002, por exemplo, foi associado à introdução do DENV-3. Ao longo de 2024, o sorotipo predominante no Brasil foi o 1, identificado em 73,4% das amostras.
“Os quatro sorotipos são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros”, destacou o ministério. “Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes.” A pasta alerta que, enquanto a infecção por um sorotipo tem efeito protetor permanente contra ele e efeito protetor temporário contra os outros, infecções consecutivas aumentam o risco de formas mais graves da doença.
“Diante da circulação dos quatro sorotipos no país, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor. Eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção são algumas das ações recomendadas”, destaca o ministério.
Outro alerta da pasta diz respeito aos sintomas. “É importante estar atento aos sintomas da dengue e procurar assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos. A vigilância constante e a adoção de medidas preventivas são essenciais para controlar a disseminação da dengue e minimizar os riscos associados aos seus diferentes sorotipos, especialmente o DENV-3.”
Com informações da Agência Brasil