Pesquisar
Close this search box.

Livro da Mangue Jornalismo sobre o golpe de 1964 e a ditadura em Sergipe será lançado amanhã na UFS

Agende-se. Amanhã, dia 6, sexta-feira, a Mangue Jornalismo vai lançar seu primeiro livro: Borracha na cabeça: o golpe e a ditadura militar em Sergipe. O lançamento vai acontecer às 14 horas no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs), na UFS.

O livro se insere nas lembranças dos 60 anos do início do golpe de 1964 e se encaixa no momento do celebrado filme “Ainda estou aqui” (dirigido por Walter Salles) e das reveladas comprovações da tentativa de golpe em 2022. O lançamento de Borracha na cabeça faz parte das atividades do XIV Encontro de Grupos de Estudos e Pesquisas Marxistas que está sendo realizado na UFS com tema “1964, 60 anos do Golpe Empresarial Militar”.

Logo depois do lançamento do livro vai ocorrer o debate “Memórias e Resistências na ditadura: lições”, com Marcélio Bomfim, ex-preso político; a vereadora por Aracaju, Sônia Meire (PSOL) e o professor de História da UFS, Petrônio Domingues.

O livro Borracha na cabeça: o golpe e a ditadura militar em Sergipe é um documento histórico, com quase 300 páginas de acontecimentos e personagens quase invisíveis que põe por terra a ideia de que não existiu ditadura em Sergipe. Existiu, foi violenta e continua impune.

Grande parte do material do livro, organizado pelos repórteres da Mangue Cristian Góes, Ana Paula Rocha e Paulo Marques, é um conjunto de reportagens publicadas quase semanalmente na Mangue Jornalismo, principalmente a partir do relatório final da Comissão Estadual da Verdade (CEV). Essa comissão teve muitas dificuldades de funcionar em Sergipe, mas produziu um documento muito relevante sobre a ditadura militar no estado, mas esse material jamais foi impresso pelo governo.

Além de parte do relatório final da CEV, o livro Borracha na cabeça conta com textos inéditos, a exemplo do que conta as prisões do prefeito de Estância, do professor Rubens Marques (Dudu); do que trata do movimento estudantil, do professor José Vieira da Cruz; da história partidária do poeta Mário Jorge, escrito pela professora Maria Vitória; e um que traz a história da história sobre o período, do professor Fernando Sá. O livro ainda tem a apresentação de Andréa Depieri e Gilson Reis, que organizaram o relatório da CEV.

O livro tem 22 capítulos e começa com a história de Anísio Dário, um operário negro sergipano que foi morto pela polícia de Sergipe em 1947 e até hoje o Estado não foi responsabilizado. O trabalho é concluído com um capítulo sobre o retorno da Democracia, com a chamada “distensão lenta, gradual e segura, mas segura para quem?”.

Borracha na cabeça traz as histórias, documentos e fotos de como o Consulado dos Estados Unidos em Salvador foi decisivo para implantar ditadura em Sergipe; o envolvimento da Igreja Católica, sendo parte perseguida e outra apoiando; a violenta Operação Cajueiro, que sequestrou e torturou várias pessoas no Quartel do Exército em Aracaju. “São muitas histórias e fases, inclusive mostramos como militares e empresários agiram numa camaradagem público-privada na destruição de manguezais em Aracaju, um outro material que não está no relatório da CEV”, disse Ana Paula Rocha.

“O mérito do livro é ser portas e janelas abertas para um tema que parece invisível, que foi jogado para baixo do tapete da história. Não se trata de um material definitivo e acabado, mas de um convite para leitura, reflexão, debate e principalmente mais pesquisas. Há muita coisa ainda não dita e não vista sobre os vários períodos da história de Sergipe que gritam pela revelação”, analisa Cristian Góes.

Para que este livro virasse realidade, foram fundamentais o apoio de mais de 150 pessoas que contribuíram com a vaquinha coletiva organizada pela Mangue. “Mesmo com essa contribuição dos leitores, o projeto do livro não iria se concretizar. Foi aí que tivemos um apoio vital do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese), da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs) e do Sindicato do Fisco do Estado de Sergipe (Sindifisco). Dessa forma, conseguimos pagar a edição, diagramação e impressão do livro”, informa Paulo Marques.

Para não esquecer: a Mangue Jornalismo é uma organização sergipana de mídia profissional, sem fins lucrativos, formada por comunicadores e que realiza um jornalismo local independente e de qualidade. Não recebe, conforme seu estatuto, verbas de publicidade de governos e nem de empresas privadas.

Loading spinner

Compartilhe:

Isso aqui é importante!

Fazer jornalismo independente, ousado e de qualidade é muito caro. A Mangue Jornalismo só sobrevive do apoio das nossas leitoras e leitores. Por isso, não temos vergonha em lhe pedir algum apoio. É simples e rápido! Nosso pix: manguejornalismo@gmail.com

Deixe seu comentário:

Matérias relacionadas

CATADO DA MANGUE

Receba de graça as reportagens

Pular para o conteúdo