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Como é pensada acessibilidade em Sergipe, o estado com o maior número de pessoas com deficiência do Brasil?

CARLOS ALBERTO FERREIRA DA SILVA e MARIA RAFAELA FERREIRA SOUZA, especial para a Mangue Jornalismo

uma pessoa dentro de uma casa e sentada em cadeira de rodas olha para fora por uma porta aberta. A imagem interna da casa está escura (contraluz) e do lado de fora há luz que faz vê céu azul e alguma árvores e mato.
A acessibilidade aparece, muitas vezes, associada apenas aos grandes eventos e, poucas vezes, no dia a dia (Foto: Pexels)

A seção PONTO DE VISTA é um espaço que a Mangue Jornalismo abre para que pessoas convidadas possam expressar ideias e perspectivas que estimulem o interesse e o debate público sobre uma temática. O artigo deve dialogar com os princípios da Mangue (que estão na parte de transparência do site), entretanto ele não precisa representar necessariamente o ponto de vista da organização.

Segundo o IBGE, com 279 mil pessoas com 2 anos ou mais de idade, Sergipe é o estado com o maior percentual de pessoas com deficiência do país. Isso representa 12,1% da população sergipana. A capital de Sergipe, Aracaju, apresenta 70 mil pessoas com deficiência, o que representa 10,4% da população. Esse percentual é o segundo maior entre as capitais brasileiras, ficando atrás somente do Recife, com 11,1%. A Mangue Jornalismo já mostrou isso na reportagem: Sergipe tem o maior percentual de pessoas com deficiência no país. No estado, quase 280 mil pessoas enfrentam uma luta diária pela acessibilidade

Infelizmente, a temática da acessibilidade aparece, muitas vezes, associada apenas aos grandes eventos e, poucas vezes, no dia a dia. Quantos pisos táteis você encontra pelos espaços públicos que frequenta? E intérprete de Libras nos eventos? No supermercado? Na farmácia? Esses dois recursos de acessibilidade são básicos e utilizados por inúmeras pessoas. Porém, em muitos espaços frequentados por muitos de nós, eles não estão acessíveis. Simplesmente, por não existir. 

Nos últimos anos, é perceptível que os governos municipais e estaduais realizam o “Camarote da Acessibilidade” ou “Camarote Acessível”, porém, como se intitula algo, sem ter uma equipe formada em Acessibilidade Cultural? O Camarote é totalmente acessível? Com audiodescrição? Com Libras visíveis e projetado nos telões dos eventos? Com abafadores de som para as pessoas com Transtornos do Espectro Autista? Muitas respostas serão: não. 

Por isso, aproveitando esse espaço, é preciso dizer que o Estado desaprenda e busque por um processo acessível de formação, participando e propondo que seus agentes culturais e educacionais vivenciem um processo voltado para a Acessibilidade Cultural com artistas e pesquisadores que atuam diretamente com a referida temática.  

A Acessibilidade Cultural é um termo relativamente novo no âmbito da Cultura, que tem sido debatido com mais veemência a partir das políticas públicas que versam a garantia dos direitos às pessoas com deficiência.

Pensar o acesso e a acessibilidade é propor novos cenários que movam esses corpos para o protagonismo. Por isso, a acessibilidade é um processo que permite a todas as pessoas acessarem informações, imagens e demais conteúdos, seja em modo presencial ou virtual. Consiste em propor formatos diversos tais como: autodescrição, descrição de imagens, interpretação em Língua Brasileira de Sinais, legendas, dentre outros processos. 

Nesse sentido, quantos eventos e atividades acessíveis, para além das Libras, você já frequentou? E quantos deles foram protagonizados por pessoas com deficiência?

De 18 a 21 de novembro ocorrerá na capital do estado, com maior número de pessoas com deficiência do Brasil, o V Encontro de Artes Cênicas Acessibilidade Cultural: Práticas e Desaprendizagens, com 18 oficinas, 6 espetáculos, 4 mesas, exibição de filmes e uma vasta programação que transitará os espaços do Cultart, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal Regional Eleitoral e do Museu da Gente Sergipana. Realizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e o Departamento de Teatro (DTE-UFS), o encontro é coordenado e idealizado pelo educador, encenador e produtor cultural Carlos Alberto Ferreira. 

Compreender a importância da realização deste evento é também garantir que esse tema seja tratado e evidenciado, não só dentro do estado, mas em todo território. Estar presente para ocupar e inteirar-se, não apenas para debater sobre acesso e acessibilidade, mas também prestigiar artistas e pesquisadores de todo o Brasil que pautam esse tema dentro do protagonismo de seus corpos.

Nomes como Ariadne Antico (SP), Ananda Guimarães (AM), Cristina Gonçalves (BA), Lucas Aribé (SE), o grupo Ventania Grupo Artístico (SE), Gislana Vale (RJ), João Paulo Lima (CE), Guilherme Nichols (SP) e demais convidados irão compor a programação nos quatro dias do evento.

Que essas reivindicações não se limitem a esse site, às redes ou ao evento.

REFERÊNCIA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades, estados, Aracaju. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/se/aracaju.html. Acesso em: 31 out. 2024.

homem branco, de cabelo castanho escuro, olhos castanhos escuro, barba que preenche o rosto e com a mão sobre o queixo, com ar de curiosidade, está vestido com uma camisa branca.

Carlos Alberto Ferreira é encenador, performer, ator e produtor teatral. Professor adjunto do curso de Teatro da Universidade Federal de Sergipe(UFS). Doutor em Artes Cênicas pela UFBA; cursou o Doutorado-Sanduíche na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (PDSE-CAPES); Mestre pelo PPGAC-UFBA.

mulher negra com tranças pretas longas, usando brincos pequenos, piercing no nariz e um colar de coração, sorrindo mostra o aparelho odontológico. Está vestida em uma blusa branca.

Maria Rafaela Ferreira é graduanda em jornalismo na UFS e editora de mídias do site de jornalismo independente Periféricos. Faz parte da equipe do V Encontro de Artes Cênicas e Acessibilidade Cultural: Práticas e Desaprendizagens e do Projeto de Extensão Acessibilidade Cultural e Pedagogia Teatral.

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